Como falar de um musical como “Rocky Horror Show”? Apesar de existirem outros musicais mais conhecidos universalmente, quase nenhum é tão subversivo e transgressor quanto ele.
A peça criada em 1973 traz uma mistura única de clichês de ficção cientifica com questões de liberação sexual: o castelo mal-assombrado, o cientista louco, e personagens sexualmente nem tão ambíguos, entre outros, encontram-se todos numa comédia libertadora, sem papas na língua e cheia de dubiedades, que conquistou vários públicos ao redor do mundo, mas em particular o LGBT e queer.
No Brasil tivemos duas adaptações: em 1975 – dois anos após o original e no mesmo ano do filme – e em 2016. E agora temos mais uma em São Paulo no Teatro Viradalata, a qual tive a oportunidade de prestigiar a estreia, e posso atestar que não deixa a desejar!
Só pude prestigiar a versão cinematográfica, então, assistir ao vivo, e numa produção de qualidade, com toda certeza me divertiu e arrepiou, sendo difícil não sair dançando ao som de várias canções, em particular “O Tempo Embaralha Outra Vez” (Time Warp no original)!
Em primeiro lugar, a adaptação do texto e das músicas ficou muito bem-feita. A banda que acompanha também é apta e tem grande qualidade. Os atores são incríveis, e as atuações estão hilárias.
Dr. Fran-n-Furter (Gustavo Caldeira, também à frente da direção geral), como sempre, é o centro do show em todas os momentos que aparece. Brad Majors (Dayzon Nascimento) e Janet Weiss (Camila Caetano) começam com uma energia inocente virando devassos, até mesmo o narrador fazendo vários caírem na gargalhada… As vozes estão admiráveis, todos os atores cantam muito bem. E se tem alguém rouba a cena quando canta, esta é Magenta (Karolayne Santos), na canção “Science Fiction” – que vozeirão!
As poucas críticas que tenho sobre a produção são apenas quanto ao cenário que talvez pudesse ser um pouco mais elaborado, mesmo mantida a proporção da produção, em particular dando um lugar para o narrador (Tiago de Melo Xavier) sentar-se.
Por fim, recomendo demais esta adaptação de “Rocky Horror Show”, em particular para aqueles que só apreciaram a versão cinematográfica, pois, ao vivo, é outra história.
Mesmo com seu humor “estranho”, ambíguo e ocasionalmente crasso, o musical com certeza será capaz de divertir muita gente, até mesmo mais conservadores.
A peça segue em cartaz até o dia 31 de outubro. Para mais informações e ingressos, clique aqui.
por Ícaro de Carvalho – especial para A Toupeira