Este texto não foi escrito com a intenção de ser uma resenha crítica. Este texto é uma declaração de amor.
Amor pela música, pelo cinema. Pelo trabalho que o compositor americano John Williams faz há décadas, criando trilhas sonoras inesquecíveis.
No último sábado, 26 de agosto, fui ao Theatro Municipal de São Paulo acompanhar a apresentação impecável da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, que, sob a regência do maestro Roberto Minczuk, brindou o público com uma seleção do que há de melhor na carreira de Williams.
Logo o primeiro acorde do tema de “E.T. – O Extraterrestre” nos convidou a junto do garotinho Elliot, embarcar em uma aventura com direito a pedaladas em bicicletas que alçam voo, e que marcou a geração que cresceu nos anos de 1980, com a clara (porém nem sempre aplicada) lição de que devemos respeitar todas as criaturas. A trilha levou o Oscar em 1983.
Continuando o passeio, nos tornamos visitantes de um inusitado parque. Ao som da canção principal de “Jurassic Park – Parque dos Dinossauros”, fomos levados de volta a 1993, ano em que o longa estreou nos cinemas e fez história com a qualidade de seus recursos visuais.
E que tal um pouco de magia para tornar nossas vidas mais interessantes? É isso que a trilha de “Harry Potter e a Pedra Filosofal” oferece ao público que já manifestou seu encantamento ao ouvir a primeira nota do lindo Tema de Edwiges, e manteve-se com um sorriso no rosto durante as quatro faixas executadas do filme. Trilha indicada ao Oscar em 2002.
Nesse momento, o muito competente e simpaticíssimo maestro Minczuk contou à plateia uma curiosa história de bastidores, na qual John Williams, ao apresentar o tema de “Tubarão” (1976) ao diretor Steven Spielberg, pediu apenas que confiasse nele. A canção se tornou um marco, levou o medo a outro nível nas salas de cinema e garantiu sua segunda estatueta do Oscar (primeira como Trilha Sonora Original).
Fim do primeiro ato do evento com a Marcha dos Caçadores, talvez mais conhecida do grande público como Tema de Indiana Jones, que fez com que a plateia aplaudisse já no comecinho da execução. O icônico filme de 1982, “Os Caçadores da Arca Perdida”, dá provas de que continua no imaginário e gosto popular. Trilha indicada ao Oscar.
Na volta do intervalo, momento de reflexão e lágrimas com a pungente trilha de “A Lista de Schindler”, apresentada após uma nova intervenção do maestro, que contou que John Williams, ao ser convidado para compor as canções, chegou a falar para o diretor Spielberg, que a produção era importante demais e que merecia um compositor melhor. A esta afirmação, ouviu a resposta: “Eu também acho, mas estão todos mortos. Confio em você”. O resultado foi a criação de uma trilha magnífica, e o quinto Oscar em sua estante.
Fazendo a alegria da legião de fãs de uma das maiores franquias de ficção científica / aventura de todos os tempos, voltamos a voar, dessa vez indo mais longe, pelo espaço sideral. A Orquestra tocou os temas mais conhecidos da saga “Star Wars” – um deles, a imponente Marcha Imperial de Darth Vader, ainda teve direito a Bis sob ovação da plateia. Oscar de trilha sonora em 1978 para “Star Wars Episódio IV – Uma Nova Esperança”.
Para encerrar, um dos maiores heróis dos quadrinhos chegou aos cinemas e nos fez acreditar que era possível um homem voar. A Marcha de Superman (carro-chefe da trilha indicada ao Oscar em 1979, parte de “Superman – O Filme”) fechou com chave de ouro o programa da brilhante apresentação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.
Que noite esplendorosa. Que venham outros tributos e novas declarações.
por Angela Debellis