Ontem, 18 de maio, participamos da coletiva de imprensa de Dez por Dez, novo projeto do Teatro Unimed, adaptação de uma coleção de monólogos escritos pelo dramaturgo e roteirista norte americano Neil La Bute, que se propõe a discutir e revelar a experiência humana, através de dez monólogos.
A versão brasileira é dirigida pelos irmãos Guilherme e Gustavo Leme e realizada pela Dueto Produções. Nela, dez atores interpretam seus monólogos diretamente para a câmera, sem cortes ou edições, e falam diretamente com o público em um cenário simples e sem efeitos especiais.
Com personagens diversos e de idades variadas o elenco é formado pelos atores Angela Vieira e Leopoldo Pacheco (60 anos), Denise Fraga e Eucir de Souza (50 anos), Pathy Dejesus e Bruno Mazzeo (40 anos), Chandelly Braz e Ícaro Silva (30 anos) e Luisa Arraes e Johnny Massaro (20 anos).
Durante a coletiva, os atores e produtores conversaram sobre as origens do projeto, sobre como é fazer arte durante um período de pandemia, e o papel importante que a arte desempenha nesses períodos conturbados.
Denise Fraga disse ficar emocionada com as formas que o teatro e os artistas encontram de continuar trabalhando e que ficou muito feliz com o resultado do projeto. Segundo a atriz, seu personagem é muito atual e ligado ao momento em que estamos vivendo, pois representa bem pessoas perdidas em períodos incertos.
Ao ser questionada sobre como é trabalhar em um drama, considerando sua vasta carreira na comédia, revelou que considera as fronteiras entre o drama e o humor cada vez menores e diluídas, e que o que gosta é de falar com leveza da tragédia cotidiana, de transformar e dar voz às angústias através da beleza e do humor.
Os atores também falaram sobre a identificação com os personagens e sobre como os personagens do texto são universais, tornando fácil a identificação com eles, mesmo que de forma indireta, gerando reflexões sobre a nossa realidade e nossa relação com o outro.
Os participantes também foram questionados sobre a natureza do projeto e se essa adaptação virtual estaria mais próxima do teatro ou do cinema. Segundo eles, esta é uma mistura dos dois e também é algo novo.
A obra tem em si o monólogo do teatro com uma produção cinematográfica, mas veiculada de uma forma diferente, que é o meio virtual. De acordo com Bruno Mazzeo, é um exemplo da capacidade da arte em estados de exceção, e da descoberta de novos caminhos e possibilidades. O ator disse ter orgulho de poder fazer parte algo assim, e que mesmo na adversidade a arte vai continuar se comunicando com o público.
Alguns disseram que, no início da pandemia, estavam receosos com os meios virtuais e que tinham certa resistência com esse formato, mas que agora percebem o potencial das performances veiculadas virtualmente, e que mesmo que com um engajamento diferente por parte do público, elas têm sido essenciais para a sobrevivência da arte e dos atores nesse período difícil. Angela Vieira ressaltou o amor e afeto colocado no projeto e disse ter muito prazer em fazer parte desse trabalho, o primeiro que faz parte durante a pandemia.
Johnny Massaro comentou sobre a responsabilidade que é fazer arte em momentos como esse, e o cuidado que os artistas devem ter com o que passam e liberam para o público. Pathy Dejesus comentou sobre as retaliações que artistas vinham sofrendo, ainda antes da pandemia, e como a arte e os artistas se mostraram necessários, pois representam um respiro em meio ao cotidiano difícil. A atriz disse também que, não é só ao público que a arte ajuda, mas que a arte é uma via de duas mãos, os artistas doam, mas ao fazer arte também são salvos.
Por fim, a equipe foi questionada sobre a possibilidade do projeto ganhar uma versão presencial após o fim da pandemia e necessidade de isolamento social. Os irmãos Leme responderam que era algo que eles já tinham em mente e que, apesar de não saberem ainda como iria funcionar, é algo que eles têm vontade de realizar. Os atores disseram que seria ótimo poder repetir o texto e poder explorá-lo mais, já que os monólogos foram gravados, e que seria bom poder realizar o projeto em contato direto uns com os outros.
Dez por Dez estreia nessa quinta feira, 20 de maio, às 20h, online no site do Teatro Unimed (www.teatrounimed.com.br) de forma gratuita. A cada semana dois novos monólogos serão exibidos no site, começando com os de Angela Vieira e Jhonny Massaro.
Os espectadores também terão a oportunidade de contribuir com doações para o Fundo Marlene Collé, em prol dos trabalhadores do teatro que se encontram em situação de insegurança alimentar devido à pandemia.
por Isabella Mendes – especial para A Toupeira
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