Aconteceu na tarde de hoje, 29 de setembro, a Coletiva de Imprensa Virtual de “Madame Sheila”. A produção é faz parte do Projeto Teatro Unimed em Casa, dedicado a manter viva a produção teatral durante o período de quarentena.
Participaram da conversa com os jornalistas, o protagonista Luis Miranda e a diretora Monique Gardenberg, que falaram sobre a ideia de levar a personagem ao público de uma maneira totalmente inédita, sob a forma de oito vídeos / atos com até oito minutos de duração cada, disponibilizados no site oficial do projeto, a partir de 1º de outubro às 21h – exibição às quintas-feiras de outubro e novembro.
Luis Miranda – simpaticíssimo com a Imprensa – dá vida à Madame Sheila, personagem cômica que já foi apresentada em espetáculos do 5 X Comédia e do Terça Insana. A figura é uma socialite que, em plena quarentena em sua mansão em Paris, percebe que há mais ao seu redor do que supunha ao crer que o mundo gira em torno do umbigo de pessoas cuja classe social são o ponto mais alto de seu caráter.
Mais do que a comédia absoluta, a produção visa trazer, de maneira leve e divertida, pertinentes críticas sociais que se moldam de acordo com a localidade onde as apresentações (no caso, físicas), acontecem. A opção foi por não fazer nenhuma citação direta, mas haver conteúdo implícito sobre diversos comportamentos vistos na sociedade. É a estratégia de se fazer ouvir através de coisas sutis e bem-humoradas, sem recorrer a piadas de mau gosto.
Ainda que não acredite na mudança das pessoas pós pandemia – como muitos chegaram a pensar que seria possível, algo como uma redenção ou evolução como ser humano – Luis afirmou que a peça não tem um recado pessimista, mas realista e com possibilidade de reflexão. Tudo, é claro, com um viés cômico.
O ator contou ter grande inspiração no trabalho da escritora / cronista Dorothy Parker, famosa nos anos de 1930 e 1940, que abordava de maneira ácida a alta classe americana. A intenção é falar para a sociedade, usando a lente de aumento da burguesia que se comporta de maneira tão individualista – fato mais uma vez comprovado devido à pandemia de Covid-19.
Segundo Monique Gardenberg, a versão de Madame Sheila a ser apresentada no Projeto Teatro Unimed em Casa é ainda mais implacável do que a já vista nos palcos, embora sua essência (que se preocupa com champanhe e uva geneticamente modificada) tenha se mantido neste texto inédito.
A diretora falou sobre sua impressão de que, assim como a personagem, nesse período complicado pelo qual o mundo passa, várias pessoas da chamada classe “dominante” sentiram o quanto são dependentes de outras pessoas que lhes prestam serviços dos mais diversos.
Embora muito gratos e felizes pela possibilidade de continuar pondo seu trabalho em movimento, a saudade das apresentações ao vivo falou mais alto e, tanto Luis quanto Monique não se mostraram totalmente favoráveis à manutenção permanente de peças teatrais apenas on line.
Tal condição excepcional foi estritamente pensada para atender ao público que sente falta de assistir a espetáculos regulares, e que não têm essa alternativa devido ao fechamento temporário dos teatros. Esta seria uma espécie de importante pontapé para a retomada do reencontro dos atores com o público, tão logo seja possível.
Vale ressaltar o apoio à Associação dos Produtores de Teatro, que tem mais de 1200 famílias vinculadas a ela. O programa instituído pela Unimed abraçou a causa e promoverá a viabilidade de doação via Ame, de qualquer quantia para auxiliar profissionais atrelados à cultura. Todas as informações estarão disponíveis durante a exibição de cada um dos atos de “Madame Sheila” e as doações serão estendidas após o último vídeo ser disponibilizado.
por Angela Debellis