A Equipe T conversou com Omar Viñole, criador do Coelho Nero. O desenhista português, que vive no Brasil desde os dois anos de idade, conta o que o levou a criar o protagonista de “Simpático só que não”, segunda coletânea de tirinhas do personagem.
A Toupeira: O Nero é bastante sarcástico, suas tirinhas têm um humor que pode ser considerado “ácido”. O personagem é baseado em alguém/ alguma experiência real?
Omar Viñole: Para criar as tiras do Nero, eu me baseio principalmente em minhas observações acerca do que as pessoas em geral reclamam. E claro, nas minhas próprias reclamações também.
AT: Quais as maiores dificuldades encontradas para ingressar, e principalmente se manter no mercado de quadrinhos alternativos?
OV: Hoje está bem melhor que há cinco, sete anos, tem bastante eventos e lojas onde você pode deixar seus quadrinhos.
Eu acredito que a maior dificuldade é a distribuição, mas não é impossível ou inviável como antigamente. Atualmente há várias possibilidades de fazer o seu quadrinho ou mesmo apresentar pra alguma editora e está mais fácil mostrar o seu trabalho pelas redes sociais, chegar até o seu público.
AT: Quais suas principais influências? Há algum autor favorito?
OV: Frequentemente super-heróis, mas leio um pouco de tudo, apesar de que hoje o tempo não permite ler tanto quanto antes.
Gosto de muita coisa de vários estilos, mas minhas influências são mais de desenho animado e alguns desenhistas de quadrinhos.
AT: Até que ponto a quantidade cada vez maior de tecnologia chega a ser um diferencial na confecção dos quadrinhos? Ainda há espaço para o trabalho essencialmente manual?
OV: Acho que tem espaço pra tudo, a tecnologia agiliza muito o trabalho do artista, mas mesmo assim não deixa de ser um trabalho artesanal. Mesmo com os “control Z, control C” da vida, ainda temos que desenhar quadro por quadro, fazer os balões, colar na página e pintar, arte-finalizar, letrerar…
A arte no papel pode não ser a que o pessoal mais faz hoje, mas ela não morre e uma hora o digital pode até enjoar – ele é um “brinquedo novo” e como tal, uma hora ele fica de lado.
Para saber mais sobre o Coelho Nero: http://coelhonero.blogspot.com/
por Angela Debellis