No dia 26 de abril de 1986 o mundo acompanhou com perplexidade as notícias de que uma explosão havia destruído o reator nuclear da usina de Chernobyl, próxima à cidade de Pripyat, na Ucrânia. Após o desastre, a região foi esvaziada e a população nunca mais pôde voltar, deixando suas casas, seus bens e, principalmente, suas histórias para trás. Essa é a tônica do espetáculo Chernobyl que estreou dia 09 de setembro no Sesc Consolação e fica em cartaz até 22 de outubro.
O texto, encenado pela primeira vez, foi escrito em 2017 pela dramaturga francesa Florence Valéro, nascida no mesmo ano do acidente nuclear, 1986. “Profundamente agitada, saturada com informações sobre a catástrofe e suas precipitações, eu já não tinha gosto nenhum pelo naturalismo gélido e desejava recorrer à fábula para falar das raízes perdidas. Porque as vítimas de Chernobyl são exiladas, gente forçada a deixar suas casas, sem jamais revê-las. Imaginei de partida os porta-vozes do conto, pesquisadores da zona de exclusão, convivendo com os vestígios radioativos. O que eles têm para nos dizer? Eles vão nos contar a história de que personagens?”, provoca a autora que deu vida à história.
Desde o início, o espectador é apresentado à boneca Antonia, protagonista-narradora da trama, cujos olhos de vidro cor esmeralda veem tudo ao redor. Antonia tem consciência do que está acontecendo, porém, assim como os demais personagens inseridos na catástrofe, sente-se impotente e incapaz de agir frente ao horror do que se anuncia. A boneca, do mais fundo de seu ventre, “deseja, sofre e grita”, enquanto acompanha a dor de “sua família” no exílio forçado, no desamparo pelas autoridades, na vida que ficou e nunca mais voltará.
As atrizes Carolina Haddad, Joana Dória, Manuela Afonso e Nicole Cordery revezam-se entre nove personagens que têm suas rotinas brutalmente alteradas pelo desastre nuclear. São pessoas comuns, famílias comuns, que poderiam ser descritas como vítimas de qualquer outro evento histórico de magnitude semelhante.
Extraindo beleza poética de um universo mergulhado no horror, Chernobyl reflete sobre as consequências da irrefreável sede humana por poder, lucro e supremacia, capaz de destruir pessoas, famílias, cidades e histórias.
Sinopse
No dia 26 de abril de 1986, à 1h23min58seg, uma série de explosões destruiu o reator e o prédio do quarto bloco da Central Elétrica Atômica de Chernobyl, próxima à cidade de Pripyat, na Ucrânia. Em meio ao caos, milhares de pessoas são obrigadas a deixar suas casas, abandonando seus bens e suas histórias.
Uma boneca, Antonia, acompanha e compartilha o sofrimento de “sua família”: a menina Hanna, seu irmão Michael, a mãe Elena e o pai Igor, obrigados a enfrentar os efeitos devastadores do maior desastre nuclear da história.
Crédito das fotos: Guy Pichard.
Serviço:
Chernobyl
Temporada: até 22 de outubro, segundas e terças, às 20h
Sesc Consolação – Espaço Beta (3º andar)
Rua Doutor Vila Nova, 245. Vila Buarque. São Paulo – SP
Duração: 95 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
Ingresso: R$ 6,00 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculados no Sesc e dependentes/Credencial Plena) | R$ 10,00 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante) | R$ 20,00 (inteira)
Informações: (11) 3234-3000
da Redação A Toupeira