Nada (Golshifteh Farahani) é uma libanesa que volta ao seu país natal depois de anos vivendo fora. Mas o que pareceu ser um retorno às raízes se transformou em um novo recomeço num país que já não era mais o mesmo que ela deixou. “De Volta” (Go Home), de Jihane Chouaib, relata o retorno dessa jovem mulher a um passado assombrado por uma guerra civil e a busca de si mesma. Nada quer descobrir o que aconteceu com o seu avô, que desapareceu misteriosamente durante a guerra. Distribuído pela Esfera filmes, o filme estreia dia 25 de janeiro.
“Eu faço filmes para revelar personagens femininas em busca do absoluto. Mulheres que não se conformam com a realidade. Quando Nada aparece para nós, ela é fechada, teimosa e estranha. Guiada por uma integridade tão forte, que ela recusa todos os compromissos. Ela é uma estranha no seu próprio país. Sua família está dividida, a casa onde passou a infância está devastada, vandalizada, afogada em lixo. No entanto, Nada tenta consertar as coisas. Ela ainda não sabe o que está fazendo, mas está seguindo adiante. Ela briga, ela tenta, e ela se arrisca. Ela é uma sobrevivente, assombrada por uma dor que ela não entende”, explica a diretora.
Para o papel da protagonista, foi escolhida a atriz que é iraniana, e não libanesa. Golshifteh Farahani fez uma leitura própria da personagem, imergiu completamente no mundo dela e aprendeu o dialeto libanês. Segundo a diretora, ela deu vida a Nada. “Golshifteh tem uma presença extraordinária, literalmente. Com sua beleza, seu mistério, a transparência e a pureza da sua atuação. Ela é mágica, e essa mágica é a âncora do filme fora de uma realidade básica. Não estamos somente olhando para Nada, estamos vislumbrando sua alma”, elogiou Jihane.
Por fim, a diretora explica que a inspiração para fazer o filme veio de uma imagem que a assombra há mais de 10 anos. “Eu tinha em mente uma cena de uma menina plantada em um jardim cheio de lixo. Eu queria entender o que ela tinha a dizer. No filme, as pilhas de lixo no jardim são como tampas colocadas na memória da guerra. Eu queria confrontar a amnésia coletiva do Líbano, país onde 17 mil pessoas desapareceram durante a guerra civil”, desabafa.
“Go Home! [Volta para casa!] é uma expressão muito ouvida quando se é imigrante. Vá pra casa, volte para onde você vem. E um dia você volta para o seu país natal e escuta de novo vá pra casa. Você não é mais dali porque você mudou, o país mudou. O que é casa hoje? Existe uma nova maneira de defini-la? O que significa pertencer em um momento de constante migração? Além do Líbano, onde o filme se passa, ‘De Volta’ tem várias origens, como eu”, conclui a diretora.
Sinopse:
Nada está voltando para casa. Ou ao menos é o que ela gostaria. Quando ela chega de volta ao Líbano, se dá conta que se tornou estrangeira em seu próprio país. Mas ainda há um lugar que pode chamar de lar: uma casa abandonada, em ruínas, assombrada pela presença de seu avô que desapareceu misteriosamente durante a guerra civil. Algo aconteceu nesta casa. Algo violento. Nada é uma jovem mulher em busca desta verdade e em busca de si mesma.
da Redação A Toupeira