Crítica: “A Espiã Vermelha”

Quando falamos em filme de espionagem, a maioria das pessoas pensa no charme de James Bond ou nas missões quase impossíveis de Tom Cruise, porém em “A Espiã Vermelha” (Red Joan), Trevor Nunn traz uma outra perspectiva, com muito menos glamour sobre o tema e coloca em questionamento o que ou a quem devemos lealdade.

O longa é uma adaptação do livro Red Joan da escritora Jennie Rooney, lançado no Brasil pela Editora Record, que foi inspirado na vida de Melita Norwoord, uma senhora aparentemente indefesa, acusada de vinte e sete violações da Lei Do Segredo De Estado Britânico, vale ressaltar que o livro é uma inspiração romantizada da vida de Melita.

A obra protagonizada por Judi Dench como Joan Stanley mostra a versão mais velha da personagem revivendo, a cada pergunta feita pelos investigadores, fatos importantes do seu passado. Sua versão jovem é interpretada por Sophie Cookson.

As memórias de Joan são ambientadas durante a Segunda Guerra Mundial, porém em uma visão bem diferente da que estamos acostumados a acompanhar, onde geralmente o foco é o sofrimento do povo judeu. Neste filme vemos uma jovem britânica, que em 1937 opta por estudar Física em Cambridge, em uma época em que mulheres sequer recebiam diplomas.

Na universidade, Joan conhece Sonya (Tereza Srbova) uma jovem russa, extremamente despojada. A moça é prima de Leo Galich (Tom Hughes) e ambos são apoiadores do Partido Comunista. Em pouco tempo Joan começa a frequentar reuniões de cunho político com os jovens, mesmo não concordando plenamente com ideias propagados por eles.

Joan se apaixona por Leo, vivem um romance não rotulado, afinal, Leo parece não amar nada além da luta. Com o passar do tempo a garota vai trabalhar em um laboratório de pesquisas nucleares e lá consegue de modo brilhante mostrar todo seu talento. Como as memórias se passam no século passado, são retratados diversos episódios de uma luta silenciosa por espaço, pois, por mais esperta que fosse, continuava sendo uma mulher.

Foi trabalhando neste laboratório que Joan se vinculou à KGB, alegando posteriormente que os jovens ainda não faziam ideia dos terrores impostos pelos russos e que trair seu país era necessário, pois somente assim a guerra teria fim.

As atuações de Judi e Sophie são bem distintas, e por vezes parecem caminhar em direções opostas, porém a veterana atriz rouba a cena, desmistificando a ideia de senhora indefesa. Tom Hughes está nada menos que formidável.

Um toque mais real à história é dado com as idas e vindas românticas da jovem, vezes com Léo e outras com Max (Stephen Campbell), e por sua constante insegurança sobre o quão correto era o que estava fazendo.

Neste filme, os britânicos tomam para si o título de inventores das bombas que devastaram as cidades de Hiroshima e Nagasaki, contudo isso não tira o brilho da história de mais uma mulher que quebrou as barreiras estabelecidas pela sociedade.

Esta é mais uma história sobre a guerra que precisa ser contada, afinal a Segunda Guerra Mundial transformou a vida de milhares de pessoas, nem sempre expondo seus melhores lados.

por Carla Mendes – especial para A Toupeira

Filed in: Cinema

You might like:

Crítica: “Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2” Crítica: “Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2”
Crítica: “Rivais” Crítica: “Rivais”
Crítica: “Plano 75” Crítica: “Plano 75”
Crítica: “La Chimera” Crítica: “La Chimera”
© AToupeira. All rights reserved. XHTML / CSS Valid.
Proudly designed by Theme Junkie.