Crítica: “A Família Addams 2: Pé na Estrada”

À primeira vista, pode parecer uma tarefa inglória a tentativa de dar ares modernos a criações antigas, sem que estas percam sua real essência. Felizmente, as interessantes figuras criadas pelo cartunista norte-americano Charles Addams parecem imunes à passagem dos (muitos) anos que separam sua primeira aparição – em quadrinhos de 1937 – da estreia de sua nova aventura animada nas telas de cinema.

Em “A Família Addams 2: Pé na Estrada” (The Addams Family 2), os icônicos personagens representados em traços já vistos no longa de 2019 estão de volta, com o casal formado por Gomez (voz de Oscar Isaac na versão original) e Mortícia (voz de Charlize Theron) enfrentando um dos maiores desafios de sua vida: o crescimento de seus filhos.

A jovem Wandinha (Chloë Grace Mortez) está naquele momento complicado pelo qual muitos passam, quando família parece ser apenas sinônimo de vexame público – como quando a ocasião em que, o que deveria ser uma simples feira de ciências em sua escola, torna-se cenário de um caos quase absoluto. Já Feioso (Javon ‘Wanna’ Walton), que segue obcecado por explosivos de grande alcance, agora convive com o despertar de seu interesse pelas garotas e sua total inabilidade na arte da conquista.

Com a intenção de reaproximar a todos, Gomez – que permanece um marido apaixonado e um pai dedicado – propõe uma viagem em família, o que os leva a vários pontos turísticos dos Estados Unidos, pelos quais conseguem registrar sua passagem da maneira Addams de ser. Tal excursão também será marcada pela descoberta de um fato que poderá trazer mudanças radicais (e impensadas) às suas vidas.

E parece que os roteiristas Dan Hernandez e Benji Samit são fãs das obras de Stephen King. Se no filme anterior havia uma excelente alusão ao palhaço Pennywise, de “IT – A Coisa”, dessa vez as menções, entre outras, são a “O Iluminado” e “Carrie – A Estranha”. Também há inúmeros easter-eggs baseados no que há de melhor em se tratando de terror clássico, incluindo “Tubarão” e “Halloween” – uns bem explícitos, outros mais sutis -, então vale prestar atenção para encontrá-los e se divertir.

Através de uma narrativa simples e voltada à diversão pura, “A Família Addams 2: Pé na Estrada” ainda consegue tratar de assuntos mais sérios, como a justa luta pelo bem-estar daqueles que amamos, e a necessidade de sentir-se bem consigo, mesmo quando fatores externos – incluindo bullying – podem fazer questionar até que ponto nos encaixamos no mundo.

Por mais que construa uma história que opta pelo caminho seguro (e, em certos trechos, até óbvio), ainda é possível ter gratas surpresas, até mesmo no que diz respeito ao momento de Pandemia que vivemos, durante os 93 minutos de duração do longa dirigido por Greg Tiernan e Conrad Vernon. Algumas dessas cenas são as que talvez façam mais jus à proposta central da animação e as que me fizeram – já como fã de carteirinha – amar ainda mais os personagens.

Ponha a máscara no rosto, estale seus dedinhos e corra para os cinemas.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.

Filed in: Cinema

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