Crítica: “A Grande Jogada”

“A Grande Jogada” (Molly’s Game) é o filme baseado no livro homônimo de memórias da ex-esquiadora Molly Bloom. A protagonista, após se aposentar do esqui – na época como a terceira melhor dos EUA –, muda-se para Los Angeles, onde após um tempo trabalhando como garçonete e secretária, começa a agenciar partidas de pôquer, fora dos cassinos, e com legalidade questionável. Quando seu círculo de apostas sofre um golpe, volta para Nova York, local em que acaba envolvida com a máfia russa, e com jogos propriamente ilegais.

Com Jessica Chastain no papel de Molly Bloom, o longa alterna cenas entre os momentos narrados no livro com outras durante seu processo e veredito finais. Essa estrutura é atrativa, e nos oferece uma história narrada de maneira mais oral do que escrita, pois as sequências de suas memórias são apresentadas como se fossem contadas a seu advogado Charlie Jaffey (Idris Elba). Além disso, para aumentar a sensação de oralidade, a produção nos explica os bastidores do mundo do pôquer, como agem seus membros, seus termos, tanto dentro quanto fora do jogo, pois a ação deste está fora também.

O ritmo do começo da trama é bem acelerado, um problema se você está assistindo à versão legendada e não tem um bom domínio ainda da língua inglesa: não só os diálogos são velozes, mas as cenas ocorrem em rápida sucessão. Isso talvez seja um dos grandes incômodos do filme: o ritmo. Começa acelerado demais, mas tem sua ação quebrada logo em seguida. É claro que a ideia é mostrar o contraste entre a agitada vida de Molly e a pausa que teve durante seus processos, porém esse ritmo frenético não ajuda quando somado à estrutura narrativa da obra, que pode se tornar ligeiramente confusa.

As atuações, porém, compensam qualquer problema de confusão por causa de ritmo. Jessica Chastain consegue trazer à tela uma personagem carismática, e flexível, sua performance é excelente. Idris Elba tem uma participação igualmente formidável, transformando um personagem secundário num dos elementos mais interessantes do longa.

Por fim, “A Grande Jogada” é uma admirável estreia para Aaron Sorkin, que se apresenta pela primeira vez como diretor, além de roteirista. Um filme de boa qualidade, com uma história atraente. Uma boa opção para todo tipo de espectador, mas particularmente para quem se interessa por pôquer e pelo mundo dos negócios.

por Ícaro Marques – especial para A Toupeira

Filed in: Cinema

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