Crítica: “A Terra dos Filhos”

Existem diversos filmes de pós-apocalipse no cinema, tornando difícil títulos novos se destacarem no gênero. “A Terra dos Filhos” (La Terra dei Figli) certamente não é um desses casos, pois não só consegue se diferenciar facilmente de tantos outros com a mesma temática, como também oferece uma bela perspectiva sobre amadurecimento e solidão.

O filme que faz parte da programação do 16º Festival de Cinema Italiano é baseado em uma graphic novel do mesmo nome, escrita por Gianni Pacinotti. Na trama acompanhamos um pai (Paolo Pierobon) e seu filho de quatorze anos (Leon de la Vallée), que aparentemente nasceu depois de um evento que devastou a maior parte da humanidade.

Os dois vivem em uma lagoa, em uma casa de palafita com alguns poucos vizinhos na região. Tudo que sabemos de início é que além da área em que vivem, algo envenena o ar, tornando a lagoa a única região segura para os sobreviventes.

Após alguns eventos o “filho”, que nunca chegou a ganhar um nome, se vê sozinho no ambiente inóspito e apocalíptico e precisa não só aprender a sobreviver sem ninguém, mas também a lidar com a falta do pai.

Muito da relação entre os dois é simbolizada no caderno que o pai deixa após sua morte, mas que o filho, que nunca aprendeu a ler, não consegue desvendar. Instigado a descobrir o que acredita serem as últimas memórias do pai, e também o que este pensava sobre ele, o garoto percorre uma jornada incerta em buscas de respostas, uma interessante metáfora sobre um mundo que acabou, e que o jovem, nascido depois do apocalipse, não consegue compreender.

Leon de la Vallée, entrega uma boa atuação e convence interpretando um adolescente que cresceu sendo ensinado a lutar e a não confiar em ninguém, mas que ainda guarda uma ingenuidade própria da juventude.

Dirigido por Claudio Cupellini (que também assina o roteiro junto a Guido Iuculano e Filippo Gravino), o longa conta com uma belíssima fotografia e faz bom uso dos poucos cenários, principalmente o da lagoa. Com uma premissa mais comum em filmes de ação, ou mesmo de terror, “A Terra dos Filhos” foca em algo mais introspectivo e seco, mas com uma sensibilidade admirável.

por Isabella Mendes – especial para A Toupeira

Filed in: BD, DVD, Digital

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