Crítica: “Divaldo – O Mensageiro da Paz”

Biografias são sempre um trabalho muito complexo, afinal contar a história de vida de outras pessoas requer um estudo muito aprofundado de cada personagem retratado. Biografar alguém que por meio de uma base religiosa Espírita transformou tudo a sua volta, também é um desafio, pois requer a quebra de um juízo pré-concebido do espectador.

O drama “Divaldo – O Mensageiro da Paz” conta com roteiro e direção de Clovis Mello e retrata a vida de Divaldo Franco (interpretado por João Bravo, Guilherme Lobo e Bruno Garcia, em fases distintas da narrativa), nascido em Feira de Santana na Bahia, e que desde criança convive com a mediunidade. Vindo de uma família praticante do catolicismo, sua mãe (Laila Garin) temia que o menino estivesse possuído, enquanto o pai (Caco Monteiro) o reprimia, por vezes violentamente.

Aos dezessete anos, o médium decide se mudar para Salvador a fim de buscar desenvolvimento espiritual e estudar mais a Doutrina Espírita. E é a partir deste ponto que ele começa a enxergar seu propósito – que vai muito além de religião – com a ajuda de sua guia espiritual Joanna de Ângelis (Regiane Alves).

Em tempos de intolerância exacerbada, o longa vem como uma mensagem de fraternidade e caridade, e vai muito além de uma história religiosa ao falar de amor. O ator Guilherme Lobo, que interpreta Divaldo na fase jovem, declarou em uma entrevista: “O Clovis colocou ênfase muito maior nas mensagens de amor e tolerância, do que propriamente valorizando o Divaldo”.

O roteiro é bem linear e apesar de contar com altos e baixos consegue levar do risos às lágrimas. É possível perceber a ênfase no fato da Doutrina Espírita seguir o amor e os ensinamentos de Jesus Cristo, é didático, quebra argumentos, fala do medo dos que não entendem ou conhecem os fundamentos espíritas.

Marcos Veras, interpreta um espirito obsessor que persegue Divaldo desde a infância e tenta tirá-lo do caminho da luz. O ator prova toda sua versatilidade vivendo o antagonista da trama com total domínio, indo em um viés contrário ao que lhe consagrou na atuação, a comédia.

Algo que deve ser pontuado é a ausência de sotaque: é um filme que se passa na Bahia, com personagens baianos e em diversos momentos os sotaques do sudeste do país ficam evidentes. Não é algo que tira o prestígio da produção, contudo não podemos ou devemos padronizar o jeito de falar do brasileiro que é rico em sotaques e dialetos.

Outra história relacionada a um grande nome no Espiritismo foi lançada esse ano: “Kardec”, biografia do autor francês Allan Kardec – considerado “Pai da Doutrina Espírita”, contudo “Divaldo – O Mensageiro da Paz” vem com foco e ritmo totalmente diferentes.

Vale a pena se despir de preconceitos e conferir mais essa história de amor, do verdadeiro amor ao próximo. Conhecer a mensagem de mais um brasileiro que ensinou por meio do exemplo. Confira.

por Carla Mendes – especial para A Toupeira

 

Filed in: Cinema

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