Crítica: “Esta é a sua Morte – O Show”

Apesar da fórmula padrão dos reality shows parecer há muito tempo batida, existe um tipo de fidelidade por parte de um público que faz com que programas do gênero continuem surgindo esporadicamente e tragam à tona a necessidade que alguns sentem em adentrar à rotina de desconhecidos e decidir qual merece ganhar dinheiro e fama do dia para a noite.

E mesmo que os cenários / propostas / provas tentem ser diferenciados de alguma maneira, uma coisa parece ser a tônica da grande maioria (para não dizer todos): quanto mais polêmica, melhor. Se algo sai do controle, um participante se exalta além da conta, pode apostar que vai virar assunto nas redes sociais e rodinhas de amigos, o que normalmente significa aumento na audiência e, por consequência, mais lucro para a emissora.

Dito isto, não é de se estranhar que a trama de “Esta é a sua Morte – O Show” (This is your Death) só não tenha se tornado realidade ainda, por óbvias questões legais (porque moral é coisa bem rara na atualidade), afinal, o longa tem como cenário central um programa em que os participantes cometem suicídio ao vivo, em frente a uma plateia que de modo grotesco os incita ainda mais a cometer tal ato.

O protagonista é Adam Rogers (papel de Josh Duhamel), apresentador de uma produção televisiva que busca encontrar uma noiva para um milionário (percebe alguma semelhança com a vida real? Pois é). Quando, no episódio final, a participante derrotada mata o rapaz que não a escolheu e acaba com sua vida em seguida, surge uma bizarra ideia de criar uma nova atração que exiba os mais diversos tipos de suicidas em busca de um prêmio em dinheiro que possa ajudar suas famílias.

Uma vez no ar, com a crescente audiência, também aumenta a ganância dos envolvidos no programa. Ilana Katz (Famke Janssen) é a que dá voz aos chefes do canal, a que decide com uma frieza assustadora até que ponto se pode chegar em busca de sucesso, patrocínio e visibilidade global.

Por trás dos bastidores, Adam tem uma vida conturbada, que inclui a existência de Karina (Sarah Wayne Callies), sua irmã caçula ex-dependente química, que não vê com bons olhos a rápida ascensão do irmão – que passa de apresentador de segunda linha a “herói nacional” durante o episódio com as novas para logo depois, se tornar uma das mais concorridas celebridades do mundo do entretenimento de gosto duvidoso.

É bem complicado (e nem cabe a ninguém) julgar a decisão de quem opta por acabar com a própria vida. No longa, vemos histórias que envolvem o abuso de crianças, o risco de ver a família perder a casa em que vive, a iminência da degradação física causada por uma doença incurável. Mas, ainda assim, incomoda imaginar que uma decisão dessa magnitude possa ser encarada como algo tão banal – apesar da postura nem chegar a ser novidade, já que essa parece ser “apenas” uma versão moderna do voyeurismo escancarado que já acontecia em épocas de eventos em arenas de gladiadores, por exemplo.

Destaque para o personagem Mason Washington (interpretado por Giancarlo Esposito, que também dirige o filme), que deve fazer com que vários espectadores se identifiquem com sua história e passem a torcer por um final mais feliz, ainda que isso vá de encontro direto às alternativas mais prováveis.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

You might like:

Crítica: “Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2” Crítica: “Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2”
Crítica: “Rivais” Crítica: “Rivais”
Crítica: “Plano 75” Crítica: “Plano 75”
Crítica: “La Chimera” Crítica: “La Chimera”
© AToupeira. All rights reserved. XHTML / CSS Valid.
Proudly designed by Theme Junkie.