Crítica: “Hetalia Axis Powers: Paint It, White!”

“Hetalia Axis Powers: Paint It, White” é um filme baseado na série “Hetalia: Axis Powers”, originalmente uma webcomic japonesa, adaptada para mangás, e depois para anime e para o longa. A história da série se inspira na história do período das duas guerras, e do pós-guerras, porém com uma reviravolta: os países são incorporados em pessoas, Itália (o personagem principal), Alemanha, Estados Unidos, Rússia, e todos os outros, têm uma pessoa que os representa, e cada um tem seu comportamento ligeiramente inspirado pela guerra – claro que do ponto de vista japonês, particularmente da Segunda Guerra, um exemplo: “o” Itália é visto como covarde e medrosa pelas ações fracassadas da nação durante esta e por ser a primeira do Eixo a se render, ao invés da França – que é vista desta maneira por alguns ex-países aliados.

A trama do filme se passa no Século XXI. É formado o World 8, uma “união” das principais nações envolvidas na Segunda Guerra (Rússia, Japão, Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Itália, França) com acréscimo da China – um análogo do G8 do nosso mundo, na forma dos personagens principais. Essa união idealizada pelo Alemanha (sim, O Alemanha, ele é um homem nesse universo) tem como objetivo defender o mundo de uma ameaça espacial: os Pict, uma espécie alienígena de aparência de bolhas brancas com formas vagamente humanas e com uma antena na testa.

O plano dessa espécie: assimilar a espécie humana em sua espécie, transformando todos os humanos em pict. É claro, como o G8 da vida real, o World 8 não funciona pois cada um acha que seu modo (e exército) funcionará melhor contra os aliens, e é a partir daí que começa a narrativa, com os nossos heróis tentando derrotar esses misteriosos E.T.’s.

O filme é cômico e divertido, isso se dá pelas relações e ânimo das personificações dos países – que refletem um pouco da realidade: a velha rixa entre Inglaterra e França os põem sempre em conflito, o América sempre querendo parecer maior que o Rússia, a China sendo a mais recente grande potência tentando sempre se aparecer de alguma maneira, o Alemanha organizado e metódico, e o Itália descontraído e brincalhão. Essas questões fazem muito da comédia da produção, porém não são tudo: ainda há as ações dos Pict, as reportagens que aparecem no meio da trama principal, dentre outros elementos.

Um problema, porém, são os excessos de fillers – cenas que não se relacionam diretamente com a trama principal – durante os quais são mostradas reações de outros países à situação: vários desses poderiam ser cortados sem nenhum problema, e não perderia a graça, sendo que alguns precisamos realmente entender o contexto do país ou da série para saber o porquê do que está acontecendo. O que leva ao segundo problema: excesso de personagens. O longa possui vários personagens, personificações de outros países que não os principais, principalmente durante as cenas fillers, e isso pode levar a uma confusão generalizada.

E finalmente temos o terceiro problema, que não vai atrapalhar a apreciação e diversão, porém pode ser um impedimento para entendê-lo: o filme é parte de uma série. Isso pode ser um problema para quem não acompanha a série, pois existem vários países introduzidos e cujos nomes não são revelados – como Suíça, Liechtenstein, Grécia, Polônia e outros. Apesar disto, quem gosta de geografia, e política internacional não terá grandes problemas para identificá-los. E numa era de fan-wikis e wikipedias, pode-se procurar o contexto antes (confissão pessoal: foi o que eu fiz).  No caso também houve o problema das legendas, que apesar de vários erros de digitação graves, não deve impedir ninguém de se divertir.

Por fim, recomendo o filme para fãs deste anime (apesar de não conseguir comparar à série em geral), e para fãs de política internacional, história e geografia, dado que se divertirão vendo como a obra  serve de espelho para algumas realidades modernas e alguns estereótipos (que persistem desde o fim da Segunda Guerra, senão de antes), apesar dos absurdos comuns a vários animes. Mas até aí nada mais absurdo que a política internacional, não é mesmo?

por Ícaro Marques – especial para A Toupeira

Filed in: Cinema

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