Crítica: “Mentes Sombrias”

Quando li a sinopse de “Mentes Sombrias” (The Darkest Minds) tive a sensação de já ter visto algo semelhante antes, talvez até mais de uma vez. Mas, pelo menos para mim, isso não significou um decréscimo ao filme, uma vez que a maioria de nós se encontra presa rotineiramente em um looping de informações parecidas em todas as áreas – reais ou virtuais – e esperar originalidade plena em algum quesito é tarefa para ingênuos (ou para quem procura por problemas desnecessários).

O longa dirigido por Jennifer Yuh Nelson é baseado no livro homônimo, primeiro de trilogia escrita por Alexandra Bracken e único lançado até o momento no Brasil. A trama mostra um futuro distópico – tema escolhido por várias outras produções que encontraram êxito em graus diferentes – em que 90% das crianças da América entre 10 e 14 anos perderam a vida devida à NIAA (Neurodegeneração Idiopática Adolescente Aguda).

A aparente “doença” faz com que desenvolvam alguma espécie de poder, que varia de inteligência elevada a controle da mente e que passem a ser temidos por suas habilidades e / ou falta de capacidade em controlá-las.

Como medida de proteção e segurança (mais para a população adulta, do que para os jovens), os sobreviventes são levados a uma espécie de campo de custódia, onde supostamente seriam submetidos a tratamentos para serem curados, o que não acontece, uma vez que o local serve apenas para mantê-los longe de qualquer outra pessoa , sob uma rígida disciplina militar.

É nesse cenário que Ruby Daly (Amandla Stenberg) torna-se a protagonista. Uma das poucas jovens vivas capazes de controlar mentes (que na escala de designação são classificados com a cor laranja), ela terá que esconder suas reais habilidades por anos, para evitar ser eliminada por quem acredita que seu poder – junto ao controle do fogo, dos vermelhos – é o mais perigoso e ameaçador.

A ação começa realmente quando Ruby consegue escapar do campo de retenção com a ajuda da Drª Cate (Mandy Moore), uma misteriosa médica, que faz parte da chamada Liga das Crianças (que apesar do nome fofo, não tem intenções tão agradáveis assim). Em seu caminho, encontrará com um inesperado trio formado por Liam (Harris Dickinson), Zu / Suzume (Miya Cech) e Bolota / Charles (Skylan Brooks), detentores de poderes distintos e que serão muito úteis em dados momentos do longa.

Ainda que conte com inúmeros elementos óbvios, incluindo o vilão, a premissa permanece interessante. Talvez a grande desvantagem de “Mentes Sombrias” seja ter ganho sua adaptação só agora – apesar da obra original ter sido lançada em 2012 – depois de outras franquias do gênero já terem ido para as telonas.

Embora incite o importante debate sobre o quão é assustador o fato do diferente ser considerado errado, uma ameaça ou algo a ser tirado do caminho do que é normal, o que parece prevalecer entre boa parte do público é a sensação de déjà vu (que para mim, só incomodou de verdade em uma das duas cenas envolvendo Lady Jane, personagem de Gwendoline Christie, cujo texto é praticamente idêntico a uma sequência vista em “X-Men Origens: Wolverine”).

O final em aberto é uma clara tentativa de dar continuidade à história de Ruby em filmes futuros. Não sei se isso vai acontecer, afinal, tudo depende da recepção do público (entenda-se números de bilheteria), mas de qualquer maneira, conseguiu despertar minha atenção e torcida para que pelo menos os outros dois livros da saga sejam lançados por aqui.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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