Crítica: “O Predador”

Depois de inúmeros – e pelo jeito, infinitos – esforços em se criar adaptações modernas de aclamadas franquias, um erro tornou-se recorrente: a tentativa de se transformar algo que já é reconhecido como sucesso, em material inédito e mais “condizente” ao pensamento atual.

Esse é justamente o ponto em que “O Predador” (The Predator) acerta. Ao inserir bons (melhores?) efeitos – ainda que na medida exata para que mantenhamos a sensação de estar diante de um capítulo da saga – mas optar pela manutenção do estilo de narrativa, o longa consegue se diferenciar da maioria que busca por uma desnecessária e completamente nova identidade.

A trama do filme dirigido por Shane Black se passa em dias atuais e gira em torno da nova visita de um predador à Terra e da sucessão de transtornos que tal fato carrega consigo. Quando o atirador de elite Quinn McKenna (Boyd Holdbrook) presencia a queda da nave da criatura, ele se torna prisioneiro do exército americano (representado por Traeger, agente do governo vivido por Sterling K. Brown), que não pretende que nenhuma informação saia de seu domínio e venha a público.

O que ninguém sabe é que, enquanto as atenções se voltam para o alienígena capturado em tal empreitada, outro, ainda mais poderoso / perigoso está a caminho, o que significa que novos problemas farão parte da já conhecida relação criada pelas visitas anteriores em 1987 e 1997 – seguindo a cronologia dos dois primeiros filmes originais (as demais sequências foram suprimidas por completo dessa nova linha temporal).

Parte do êxito também se dá pelo bom e convincente elenco. Com personagens inusitados – entendam-se os ex-combatentes mentalmente problemáticos que acabarão formando a frente de batalha contra a criatura – os destaques ficam para a Doutora Casey Brackett (Olivia Munn), brilhante cientista que se vê no meio dessa inesperada missão e para o garoto prodígio Rory McKenna (Jacon Tremblay, como sempre em boa atuação), cujo papel se torna mais importante conforme a narrativa avança.

Desde a primeira cena fica clara a intenção de se mostrar a ação de forma bastante explícita, coisa que era corriqueira em produções das décadas de 1980 e 1990. Não há o menor pudor em exibir corpos sendo dilacerados (com direito a muito sangue cenográfico e órgãos internos expostos) ou equilibrar-se na fina linha que separa o exagero do eficiente em se tratando de humor, inclusive no que diz respeito a rir de si mesmo.

Assim como também é visível a coragem em se apresentar uma “versão 2.0” do icônico personagem. O Mega -Predador, no alto de seus 3,5 metros é mais uma prova de que há muito o que temer no Universo que não fazemos ideia existir.

No final das contas, os detalhes – como o acréscimo do tema original à trilha e a explicação para o visual “rastafári” do alienígena – são o que fazem da produção algo muito legal para os fãs prévios. Para quem está chegando agora, é um promissor retorno / reinício da franquia, uma das mais marcantes de sua época.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

You might like:

Crítica: “Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2” Crítica: “Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2”
Crítica: “Rivais” Crítica: “Rivais”
Crítica: “Plano 75” Crítica: “Plano 75”
Crítica: “La Chimera” Crítica: “La Chimera”
© AToupeira. All rights reserved. XHTML / CSS Valid.
Proudly designed by Theme Junkie.