Crítica: “Steve Jobs”

Steve Jobs pôster críticaQuando se tenta recriar nas telonas a biografia de alguém, imagina-se que haja uma grande – e óbvia – preocupação em escolher um elenco que seja adequado tanto profissional quanto fisicamente.

No caso de “Steve Jobs” (idem), desde a primeira cena é nítida a falta de semelhança entre Michael Fassbender, Kate Winslet e seus respectivos personagens (o protagonista Jobs e sua fiel assistente Joanna Hoffman). Mas o trabalho de ambos é tão incrível, que o que poderia ser um grande problema, acaba sendo apenas um detalhe ao olharmos para a produção como um todo.

O diretor Danny Boyle mostra bastante inteligência ao costurar uma trama sólida a partir de momentos bem distintos: os lançamentos de três produtos ao longo de 14 anos – o Macintosh em 1984, o NextCube em 1990 e o iMac em 1998 – o que em termos de tecnologia é uma verdadeira eternidade.

O interessante é ver como apesar das mudanças inerentes à vontade de qualquer pessoa, a personalidade do protagonista permanece quase intocada. Jobs tem claros problemas de relacionamento/aceitação. Tem motivos para isso? Sim, afinal foi abandonado quando nasceu, foi adotado, devolvido e então adotado em definitivo por outra família. Anos depois, relutou em aceitar sua primeira filha, Lisa, mesmo com o teste de sangue afirmando a paternidade com mais de 94% de certeza.

Com isso, criou um “mundo próprio” onde acredita piamente ser o gênio tão alardeado pela mídia (destaque para a cena em que se revolta por não ter sido escolhido como O Homem do Ano pela Revista “Times”). Ele não dá o braço a torcer que precisa da ajuda de outros – como seu companheiro desde o início da jornada no mundo da informática, Steve Wozniak (interpretado por Seth Rogen), não aceita nada que esteja fora de seu planejamento e não se importa com as consequências que suas atitudes poderão ter. Como o próprio se define, ele é o maestro.

À Joanna, cabe o papel de ser a intermediária entre as excentricidades do criador da Apple e do que é minimamente viável no “mundo real” onde se encontram os regidos por ele – entendam-se funcionários da empresa e até mesmo os jornalistas da época em que os lançamentos de seus produtos eram tidos como verdadeiros eventos globais.

O longa é bem estruturado, a narrativa flui sem dificuldade e, principalmente, sabe quando deve terminar de maneira satisfatória.

Vale conferir.

por Angela Debellis

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