Crítica: “Z – A Cidade Perdida”

Baseada no livro homônimo de David Grann e sob a direção de James Gray, chega aos cinemas a adaptação “Z – A Cidade Perdida” (The Lost City of Z), que traz a história de Percy Fawcett (Charlie Hunnam em um momento brilhante de sua carreira), militar britânico que vê sua pacata – e até mesmo monótona – vida mudar com uma inesperada proposta.

Ele é recrutado pela Sociedade Geográfica Real como responsável em uma expedição a fim de realizar um minucioso mapeamento de territórios que fazem fronteiras com Brasil e Bolívia – com a crescente indústria da borracha tomando forma, os países querem uma definição de seus reais limites (o que será de grande valia até mesmo para o Exército Britânico).

A ação se inicia em 1903, o que significa que a tal viagem não é algo tão simples ou rápido de se fazer. São literalmente anos longe de casa – e por consequência de sua esposa Nina (Sienna Miller) e filhos – permeados por todo tipo de contratempos que poderiam acontecer num ambiente inóspito como uma floresta desconhecida.

Seu fiel companheiro de jornada – e consequente amigo pessoal –  é Henry Costin (Robert Pattinson, irreconhecível, em franca ascensão), que se tornará peça fundamental em parte das expedições, entre as quais mais de vinte anos se passam.

Ao chegar ao seu destino, a missão de Percy ganha ares muito mais complexos: o protagonista se vê às voltas de, supostamente descobrir o que seria a tal Z (assim chamada por ele): uma locação desconhecida que guardaria memórias de uma civilização antiga. Tal possibilidade passa a dominar seus pensamentos, e este se vê compelido a voltar repetidas vezes a fim de prová-la verdadeira. Com o passar do tempo e a falta de progresso, ele se torna motivo de grande desconfiança – e chacota – perante a socidade.

Além do viés explorador, há de se destacar o lado humano, irremediavelmente prejudicado a partir do momento em que a família ocupa um papel secundário em sua vida. Os filhos crescem longe de seus olhos e a esposa é obrigada a tomar a frente na criação destes (entre eles, Jack, interpretado por Tom Holland), em uma época na qual havia ainda mais dificuldades civis para as mulheres.

Imaginar que boa parte do apresentado na tela tem base em fatos reais – o avançar dos anos, com o inevitável envelhecimento físico e a perda de força dos ideais – torna a produção triste, sob este ponto de vista. Fica a dúvida sobre o que de fato vale a pena: correr exaustivamente atrás de algo em que acreditamos – custe o que custar, ou abandonar-nos à sorte que a vida rotineira proporcionará a cada um?

Talvez o maior (e único?) problema da obra seja sua duração extensiva: são 21h21 minutos, que poderiam ser facilmente condensados de maneira mais enxuta, mas parece que a indústria cinematográfica desenvolveu um apreço sem explicação por produções longas (algumas até justificáveis, mas não é o caso).

Vale conferir.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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