“Bailarina” (From the World of John Wick: Ballerina) chega aos cinemas com uma missão delicada: expandir o universo de “John Wick”, sem descaracterizá-lo e, surpreendentemente, cumpre esse desafio com precisão, estilo e impacto.
Estrelado por Ana de Armas, o longa é um spin-off que não só respeita a identidade da franquia original, mas também entrega uma produção coesa dentro do que se espera desse mundo hiperestilizado, onde a ação é tão coreografada quanto um balé – literalmente, neste caso.
Apesar de seu roteiro simples, calcado em uma busca irracional por vingança, o filme abraça essa simplicidade com convicção. Eve Macarro, vivida com intensidade e nuance por Ana de Armas, é uma assassina altamente treinada, cuja trajetória é marcada tanto pela eficiência brutal, quanto pela exposição de sua fragilidade.
Em vez de ser uma figura intocável, ela sangra, cai, hesita e isso adiciona camadas de verossimilhança que faltam a muitos protagonistas do gênero.
Visualmente, “Bailarina” é um espetáculo. A fotografia neon, marca registrada da franquia “John Wick”, está presente em cada enquadramento, ampliando a sensação de pertencimento àquele universo e conferindo uma identidade visual marcante.
Os cenários são criativos e bem explorados, desde salões opulentos a ruínas góticas, funcionando como palcos perfeitos para as impecáveis cenas de ação. Cada sequência é coreografada com precisão milimétrica, mais próxima de uma dança do que de uma simples troca de tiros.
Um dos pontos altos é a construção mais aprofundada da Ruska Roma, aquela seita misteriosa com raízes eslavas, apresentada brevemente em “John Wick 3 – Parabellum”. Aqui, temos acesso ao seu interior, suas tradições, seus códigos, e isso contribui não apenas para enriquecer o background de Eve, como também para expandir de forma consistente esse meio que fascina tantos fãs.
É verdade: a obra não é um primor de roteiro (escrito por Len Wiseman e pelo diretor Shay Hatten). E nem pretende ser. O cinema, afinal, é feito tanto de trama, quanto de performance. Enquanto alguns longas apostam em complexidade narrativa e diálogos densos, este escolhe priorizar movimento, tensão corporal e ação estilizada. Nesse sentido, entrega exatamente o que promete: uma experiência visceral e visualmente cativante.
Para os fãs da franquia “John Wick” e de títulos de ação em geral, “Bailarina” é uma excelente pedida. Uma prova de que, quando bem executada, até a mais simples das histórias pode se transformar em espetáculo.
por Marcel Melinsk – especial para A Toupeira
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Paris Filmes.
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