Curupira, Cuca, Saci Pererê, Boto Cor de Rosa, Sereia Iara, etc. Esses são alguns dos personagens mais importantes do folclore brasileiro, certo? Se não conhece ou quer saber mais sobre eles, a opção é ver a série “Cidade Invisível”, criada por Carlos Saldanha, que está disponível na Netflix e aborda essas lendas. O mais legal é que elas estão inseridas em um contexto atual do nosso dia a dia.
E olha que o resultado é bastante interessante! Isso porque as histórias desses mitos estão misturadas em uma narrativa envolvente, com um bom suspense e um mistério bem intrigante ao longo dos sete episódios.
Na trama, Eric (Marco Pigossi) é um sujeito que trabalha para a Polícia Ambiental do Rio de Janeiro, que sofre uma tragédia pessoal quando sua esposa (Julia Konrad) é morta após um incêndio numa floresta. Um mês depois da perda, ele volta ao trabalho para poder cuidar da filha, Luna (Manuela Dieguez). Em seu primeiro dia, já encontra o corpo do Boto Cor de Rosa morto na praia.
Pouco depois, o oficial descobre que o animal na verdade é um homem da mesma comunidade que sua mulher trabalhava. Investigando o caso, ele começa a ver conexões estranhas com a morte de sua parceira. A partir daí, o protagonista passa a investigar pessoas misteriosas, como Inês (Alessandra Negrini), Tutu (Jimmy London) e Camila (Jéssica Cores).
É aí que as coisas engrenam. Conforme os episódios vão avançando e vamos conhecendo mais sobre esses personagens, mais curiosos ficamos em saber qual é o papel de cada um na narrativa. Talvez o ponto negativo aqui seja a falta de profundidade de alguns temas relevantes, como a trajetória de Afonso (Rubens Caribé), dono de uma empresa poderosa que quer tomar as terras onde vive a comunidade principal do seriado.
No primeiro momento, “Cidade Invisível” pode lembrar a série “Once Upon a Time”, em que personagens de contos de fadas são colocados no mundo real após uma maldição jogada pela Rainha Má (Lana Parrilla). No entanto, as coisas aqui são bem diferentes, o que é ótimo!
Ok, também temos maldições e criações clássicas inseridas no dia a dia comum da sociedade. Por exemplo, há um momento em que vemos a Sereia Iara cantando num bar para ganhar a vida. Aliás, sua interpretação da música “Sangue Latino”, do conjunto Secos e Molhados, é uma das melhores coisas da temporada.
O que quero dizer é que a obra de Saldanha não é uma cópia da americana. Longe disso, afinal de contas, seus protagonistas são colocados em um contexto bem próprio do Brasil e aborda assuntos totalmente diferentes. Para quem curte cultura brasileira e um bom enigma, a série é uma boa pedida.
por Pedro Tritto
*Texto originalmente publicado no site CFNotícias.