Quando se fala em relacionamentos, nem sempre é fácil pensar em sua complexidade. Seja qual for a origem – familiar, amorosa, profissional ou social – sempre há uma junção de camadas que fazem de cada uma das relações que desenvolvemos em nossa vida, algo único. E é isso que o roteiro de “Como agradar uma mulher” (How to please a woman) nos apresenta.
O filme escrito e dirigido por Renée Webster conta a história de Gina Henderson (Sally Philips), que, como presente surpresa em seu aniversário de 50 anos, ganha a visita de Anthony (Alexander England), um inexperiente – porém, dedicado – stripper, que por duas horas, propõe-se a fazer o que ela quiser.
Mas, o que poderia ser um convite explícito à realização de fantasias sexuais, ganha contornos inesperados, quando Gina decide que o profissional deve passar o tempo previamente pago por suas amigas limpando sua casa. É claro, com o bônus de fazer tal serviço doméstico sem camisa, afinal, por que não unir o útil ao agradável?
Ao ser demitida da empresa em que trabalhava como Analista de Pesquisa de Mercado – sob uma justificativa medíocre de seu ex-patrão, Brett (Oliver Wenn), Gina tem a ideia de abrir seu próprio negócio. Para isso, investe em “Prazer em mudá-lo” (ótimo e coerente trocadilho), firma de mudanças gerenciada por Steve (Erik Thomson) que está à beira da falência e que, agora, passará a oferecer serviços de faxina domiciliar – feitos exclusivamente por homens – com pacotes que incluem também oferecimentos sexuais, tudo a gosto das clientes.
Tal proposta inusitada faz sucesso entre as amigas de Gina, cujas histórias pessoais dão o tom à produção e mostram como um mesmo tema pode ser visto / vivenciado de inúmeras maneiras: da mulher bem resolvida profissionalmente, mas que tem um casamento infeliz, à que sofre por ser julgada apenas por sua aparência (embora seja uma ótima profissional), passando pela que não quer compromisso e a que anseia por novas descobertas em relação à própria sexualidade.
Os questionamentos femininos são os grandes destaques de “Como agradar uma mulher”, mas o maior acerto da comédia australiana está em também dar espaço às dúvidas (e inseguranças) masculinas, já que, genericamente falando, homens nem sempre se sentem à vontade em assumir que não estão no controle, em especial, no que diz respeito ao sexo e todos seus desdobramentos.
O longa transita entre momentos que mostram o papel fundamental de uma vida sexual bem resolvida, enquanto tenta lembrar que essa é só uma parte do que é preciso para ser, de fato, feliz. Cada um, à sua maneira, sabe o grau de importância que o assunto terá em sua vida e, uma vez que se estabelece isso, fica mais fácil lidar com cobranças (próprias e dos outros), dúvidas e prazeres.
Não há grandes reviravoltas – nem seria essa a proposta da obra – mas existem pequenos detalhes que fazem a diferença, principalmente em relação ao crescimento de Gina, que mostra que “nunca é tarde para recomeçar” pode – e deve – ser mais do que uma frase motivacional, mas uma meta para a vida toda.
por Angela Debellis
*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela A2 Filmes.