Existe algo de muito sublime no amor, seja na forma que for. E só quem teve o privilégio de compartilhar momentos de companheirismo com um animal é capaz de entender a magnitude dessa relação, e o quão profundos são os laços que a formam.
Muitas produções já tiveram esse assunto (amizade humanos/animais) como base e, em sua grande maioria, conseguem conquistar o público que já tem um apreço prévio pelo tema. Filmado em 2019, “Eternamente Companheiros” (Xiao Q) chega aos cinemas brasileiros e é recomendação certa para quem busca uma história comovente e que, embora triste em sua essência, consegue aquecer o coração.
O longa é um drama chinês baseado no romance japonês “The Life of Quill, the Seeing-Eye Dog”, de Ryohei Akimoto e Kengo Ishiguro. Na trama, conhecemos Lee Bo Ting (Simon Yam), renomado chef de cozinha que perdeu sua visão e agora necessita dos préstimos de um cão-guia para poder realizar tarefas diárias com mais segurança.
Tal auxílio chega na forma de Little Q, uma adorável labradora, treinada desde cedo para cumprir tal missão. Os momentos iniciais que mostram a cachorra ainda filhote são totalmente encantadores, assim como sua amizade com Chan Zhiqiao (Chutian Liu), cuja família foi responsável pela tutela de Little Q em seus primeiros 18 meses de vida – isso faz parte do adestramento dos cachorros que são designados para atuar como guias.
Desiludido com sua situação irreversível, Bo Ting não aceita a presença de Little Q e suas atitudes para com ela – que incluem jogá-la para fora de casa em plena noite chuvosa – são condenáveis. É quando a lealdade animal se faz mais forte e nos mostra o quão especiais são essas criaturas, sempre dispostas a se manterem ao nosso lado sob qualquer circunstância.
O amadurecimento do convívio da dupla dá o tom à narrativa dirigida por Wing-Cheong Law, com roteiro de Susan Chan, e mostra que, após um início conturbado, um relacionamento de amizade e confiança mútuas foi estabelecido e tornou-se mais forte com o passar dos anos.
Mas, além do estreitamento de laços, tal passagem de tempo também traz novos obstáculos a serem superados, e estes, somente quem já precisou enfrentar algo semelhante será capaz de entender. Amar incondicionalmente alguém é um ato de coragem.
A história de “Eternos Companheiros” torna-se ainda mais comovente ao lembrarmos que foi baseada em fatos reais. E isso acerta de maneira pungente o público que se sensibiliza com esse tipo de produção.
Separe os lencinhos (e as máscaras) e vá aos cinemas.
por Angela Debellis
*Título assistido via streaming, a convite da A2 Filmes.