Uma história que se passa em um Bosque Encantado, cujos protagonistas são duas pequenas criaturas com aparências que remetem à junção de vários animais. Tudo apresentado através de uma explosão visual regada a muitas cores e sequências brilhantes.
Se, a princípio, “Perlimps” pode parecer uma animação totalmente voltada ao público mais infantil, logo é fácil perceber que, por trás de uma fachada de aparência simples, existem camadas complexas e surpreendentes, que a transformam em uma produção que merece ser assistida por todo tipo de espectador, já que há elementos interessantes para cada um.
A trama gira em torno de Claé (voz de Lorenzo Tarantelli) e Bruô (voz de Giulia Benite), que se apresentam como agentes secretos dos Reinos do Sol e da Lua, respectivamente. Inclinados a serem rivais, terão que trabalhar juntos em prol de um bem comum: impedir que os chamados “Gigantes” invadam e destruam o Bosque.
Para isso, ao ritmo da boa trilha sonora composta por André Hosoi, iniciarão a jornada em busca das chispas pulsantes, dos flocos de luz brincalhões e cheios de vontade, ou simplesmente, “Perlimps”, que seriam uma espécie de entidade capaz de combater o mal causado pela chegada dos implacáveis invasores metálicos liderados pelo misterioso Capitão Dourado, e que tencionam causar o que os protagonistas chamam de “A Grande Onda”.
É fácil perceber que tudo se trata de uma grande e bem executada metáfora, com os vilões – como na grande e justa maioria das vezes – sendo retratados como a espécie mais perigosa que já pisou nesse planeta. Triste e necessária constatação.
O que faz com que cada pequena atitude da dupla de protagonistas ganhe ainda mais relevância, afinal, quem não sonha em poder combater a maldade de contamina nosso mundo? Quem não gostaria de colocar um fim às crenças de que somos diferentes, opostos, quando, na verdade, agindo juntos somos infinitamente mais fortes?
Dirigida e roteirizada por Alê Abreu, a animação conquista através da simplicidade de seu objetivo. Ao mostrar a possibilidade de se buscar por soluções que minimizem ou até mesmo impeçam o sofrimento de nossos semelhantes, “Perlimps” brilha e consegue conversar de igual para igual tanto com as crianças mais novas (que se encantarão pelo festival de cores e pela graciosidade dos traços dos personagens), quantos com os adultos (este, já mais capazes de perceber as nuances presentes em cada cena).
Como destaque, a aparição de um simpático João de Barro (voz de Stênio Garcia) – cujo tema musical é a maravilhosa “Bola de Meia, Bola de Gude”, de Milton Nascimento – traz à narrativa a sabedoria dos mais velhos, que têm histórias e experiências para contar. É através desse encontro, que Claé e Bruô entenderão boa parte do que os espera em sua trajetória.
Os momentos finais da obra conseguem acrescentar ainda mais qualidade ao apresentado em tela. Algumas resoluções, ao mesmo tempo em que apertam os corações dos espectadores, também servem para trazer esperança. E isso, em épocas como a que vivemos, já é muita coisa.
por Angela Debellis
*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Vitrine Filmes.