Crítica: “Um Dia Cinco Estrelas”

Por mais que a rotina de uma família comum não seja o tema mais inovador (visto que produções, incluindo algumas de grande sucesso, já tratam do assunto há muitos anos), ainda é algo que consegue render histórias interessantes, quando a proposta é bem executada.

Esse é o caso de “Um Dia Cinco estrelas”, nova comédia nacional protagonizada por Estevam Nabote, no papel de Pedro Paulo, que, com dificuldades (e pouca vontade) para arrumar um emprego, se auto-intitula como “dono de casa”, ficando responsável pelos afazeres domésticos em geral (e falhando em boa parte deles).

Mas, quando o telhado da casa em que vive com a esposa Manuela (Aline Campos) e a filha Vitória sofre uma grande avaria após uma forte chuva, ele terá que rever suas ações, para honrar com o pagamento do empréstimo emergencial feito por sua mãe, Nilda (Nany People), que usaria o dinheiro para realizar um sonho antigo, ao celebrar seu aniversário em Buenos Aires.

Para isso, contará com o seu “mozão”, que na verdade, é um Opala antigo, única lembrança material que mantém de seu falecido pai. O zelo extremo (até demais) que dedica ao automóvel será posto à prova quando os mais diversos / problemáticos passageiros solicitarem corridas através do aplicativo para o qual prestará serviços como motorista.

E, durante seu primeiro dia de trabalho, Pedro Paulo passará por situações absurdas o suficiente para ganhar o apelido de Forrest Gump, a certa altura da trama escrita por Ricky Hiraoka e Cris Wersom , com direito a flagrante de traição, combo de pedido de perdão + serenata no meio da rua, em plena luz do dia, um trabalho de parto, e um ato ilícito cometido por um casal acima de qualquer suspeita.

Some-se a tudo, a necessidade de conseguir dinheiro até o fim do expediente, para pagar pelos tratamentos estéticos oferecidos como redenção pelo fato de ter se esquecido do aniversário da própria mãe. Aliás, a sequência passada dentro do luxuoso spa é uma das mais divertidas, com Nany People brilhando em cena.

Sem nenhuma pretensão de ser mais do que uma comédia simples, “Um Dia Cinco Estrelas” acaba funcionando justamente por isso, já que não deixa nenhuma lacuna aberta do que poderia ser feito para entregar um resultado além do visto em tela. E isso está longe de ser algo ruim, às vezes, é essa descomplicação que faz com que uma narrativa consiga ser atrativa, mesmo quando não traz nada de tão inédito.

Sob a direção de Hsu Chien, o longa se conecta com o público ao contar uma história que poderia facilmente acontecer próxima a grande maioria dos espectadores, em especial nos dias atuais, com a economia tão desequilibrada. E essa proximidade faz com que, mesmo que não arranque grandes gargalhadas o tempo todo, o saldo seja bastante positivo.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Paris Filmes.

Filed in: Cinema

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