Poeta Carlos Cardoso terá seu livro, “Coragem”, transformado em peça teatral em 2025

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O carioca Carlos Cardoso é hoje um dos expoentes da geração de poetas brasileiros revelada entre o fim dos anos 1990 e início dos 2000. Fora do Brasil, seus poemas já foram traduzidos e publicados em onze idiomas, circulando com prestígio por países como França, Itália, Espanha, Bulgária, Croácia e outros.

A potência estética de sua obra, referendada por acadêmicos, artistas e escritores, respalda sua candidatura à Cadeira 27 da Academia Brasileira de Letras (ABL), cuja eleição acontece no dia 11 de dezembro. Até outubro deste ano, a vaga era ocupada pelo notável poeta Antonio Cicero (morto no dia 23 de outubro), que descreveu a obra de Cardoso com profunda admiração: “Todo grande poeta, quando lido, transporta a gente para a terceira dimensão da vida, que é a dimensão transcendente da arte. Carlos hoje é um dos grandes”, declarou Antônio Cícero, em uma de suas últimas aparições públicas, 2023.

Em seus livros, Carlos Cardoso ganhou notoriedade por fazer do verso uma fonte de expressão de inquietudes e de prospecção da beleza. A natureza, o desamparo, a amizade, a própria arte poética, o amor e a solidão são temas de suas poesias.

Seu último livro, “Coragem”, lançado em setembro de 2023 pela Editora Record, está sendo transformado em peça de teatro pelo dramaturgo e encenador Flávio Marinho. O espetáculo vai se chamar “Coragem – Um Ato de Amor” e tem estreia prevista para o primeiro semestre de 2025.

Ao refletir sobre a relevância da Academia no país, Carlos Cardoso ressalta o desejo de colaborar para fortalecer ainda mais o papel da instituição como símbolo da identidade cultural do Brasil: “Com minha experiência como engenheiro e gestor, somada à minha paixão pela literatura, espero humildemente contribuir para ampliar a atuação da ABL entre as mais variadas gerações, preservando e valorizando a riqueza da poesia na língua portuguesa”.

Engenheiro por formação, Carlos Cardoso descobriu o gosto pela poesia na adolescência. Alguns dos poemas do livro “Sol Descalço”, relançado em 2021 pela Record, foram escritos quando ele tinha 14 anos. Nas últimas três décadas, ele vem se dedicando cada vez mais ao ofício da escrita.

Como bem definiu o professor e crítico literário Ítalo Moriconi: “o lirismo de Carlos Cardoso é moderno. Ele tem um controle muito grande do ritmo, são frases com uma pontuação, uma modulação sonora, que revela um grande talento para a linguagem poética. Alguns dos seus poemas integram o que há de melhor na poesia contemporânea brasileira.”

Em sua poética, Carlos Cardoso defende que a escrita acompanha a experiência subjetiva do mundo. “O poeta deve incitar a reflexão nas pessoas ou provocar uma fagulha que leve ao questionamento sobre como estamos e como podemos nos tornar melhores a cada dia”, afirma.

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Ficha Técnica:

Carlos Cardoso, 50 anos, carioca, engenheiro por formação e poeta por vocação, morador da cidade do Rio de Janeiro.

Obras:

Na Pureza do Sacrilégio (2017): O livro reúne diversos poemas que oferecem ao leitor experiências originais, intensas e verdadeiras e fazem-no refletir sobre o viver, tema principal da seleção de poemas. A publicação chegou às livrarias sob a chancela de grandes nomes como Antonio Cicero e Silviano Santiago, que lhe dedicaram textos elogiosos.

“A escrita poética desnuda a pureza pelo sacrilégio para purificá-la ainda mais, desnuda o sacrilégio pela pureza para conspurcá-lo ainda mais”, define Santiago, que citou Fernando Pessoa, Octavio Paz e João Cabral de Melo Neto para apresentar o livro ao leitor.

Marco divisor na trajetória do poeta, “Na Pureza…” também é composto por várias imagens de quadros produzidos pela artista plástica Lena Bergstein inspirados em suas estrofes. Fruto de um longo processo de quase dois anos, o livro sedimentou um novo caminho, segundo Cardoso, transformador em sua vida, afirmando um novo horizonte em sua trajetória na escrita.

Melancolia (2019): Livro premiado pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) e pela UNESCO (Jornada Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento entre os povos). Publicado pela Editora Record, ele traz poemas que dialogam com as artes plásticas. A capa foi feita pelo pintor e escultor Carlos Vergara.

Considerado um dos destaques da sua geração, ele transforma a própria melancolia, um zeitgeist de nossos dias, em poesias inéditas. Aqui, a relação com a poesia é visceral, é a marca da própria sobrevivência.

Em suas páginas, a melancolia se revela em palavra. A poesia é capaz de ritualizar sentimentos em um mundo sem começo e fim, marcado pelo assombro de sua geração diante das transformações de um universo em crise. É uma busca fluida, necessária, com consistência, que revela um poeta em seu ofício.

Sol Descalço (2021): Publicado pela Editora Record, o livro continua a exploração de temas existenciais e a relação do poeta com a natureza e a arte. Sua capa foi criada pelo pintor e escultor José Bechara. Com poemas minimalistas, que revelam forte conexão entre si, Carlos Cardoso foi apontado como um dos maiores expoentes da poesia em sua geração por diferentes vozes da crítica.

O que se lê é um poeta que não luta contra as palavras. Sua poesia traz fontes sacrílegas e religiosas, dentro de um universo de despojamento, transparência – descalço, como o título sugere. Se o autor já havia revelado sua maturidade em “Melancolia”, seu “Sol Descalço” deslinda, em várias camadas, a evolução de sua relação com a poesia.

Coragem (2023): O mais recente livro de Cardoso, também publicado pela Editora Record, aborda temas como amor, resistência e resiliência, refletindo sobre os desafios da vida e a força necessária para enfrentá-los. A capa foi feita pelo artista plástico Daniel Senise. Seu miolo é recheado de poemas em constante tensão.

Num paradoxo, o poeta que conquistou sensibilidades ao confrontar o sacrílego e o sagrado, e desnudou os sentimentos de seu tempo em palavra, utiliza-se do lirismo e de apuro visual para estabelecer um diálogo com grandes nomes da poesia na modernidade.

“Coragem”, em vez de um contraponto ao sentimento desnudado em “Melancolia”, revela uma nova força que habita a escrita de seu autor. Ao pensar sobre seus versos, Antonio Carlos Secchin explicou: “O poema perambula, mas tudo permanece intacto – eis a lição da poesia”.

Países que publicaram sua obra: Portugal, França, Espanha, Itália, Estados Unidos, Bulgária, Ucrânia e outros.

Premiações:

– Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes).

– Prêmio especial da UNESCO (Jornada Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento entre os povos).

– Prêmio La Palma D’Oro di Assissi-Pax, Itália.

– Prêmio da Federação Unitária Italiana de Escritores, Itália.

– Prêmio Especial da Cidade de Ardea, Roma, Itália.

– Prêmio Especial da Cidade de Roma, Itália.

– Prêmio do consórcio de Colle Romito, Itália.

da Redação A Toupeira

Filed in: Livros, Teatro

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