O cineasta Ivan Cardoso é o inventor de um subgênero cinematográfico, o terrir. Uma mistura de comédia, ao molho de chanchadas brasileiras, e de filmes de terror e suspense clássicos norte-americanos. Ainda que cultuado por uma parcela da crítica nacional e internacional, e participado de festivais estrangeiros, o seu legado segue sem a visibilidade merecida.
Com estreia anunciada para 25 de agosto nos cinemas, o documentário “Ivan, O TerriRvel” promove um resgate de sua obra mesclando material de arquivo, cenas documentais, animações e reconstruções ficcionais buscando refletir sobre sua importância cinematográfica e traçar o retrato de um personagem marcante na historiografia do cinema brasileiro. Também retrata a sua parceria com o artista plástico Hélio Oiticica.
Ivan do Espírito Santo Cardoso Filho nasceu no Rio de Janeiro em 1952. O seu contato com a arte tem início quando edita no colégio um jornal em que publica sobre poesia e artes plásticas. Em 1968, quando assiste ao clássico “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla, decide abraçar o cinema e a fotografia como formas de manifestação artística.
O seu primeiro trabalho é a assistência de direção em “Sem essa, aranha”, de Sganzerla. Passa a frequentar as rodas do cinema udigrudi e a realizar trabalhos como assistente, still de produção e making-off.
É dessa forma que constrói um arquivo imagético impressionante do cinema brasileiro; material preservado até os dias de hoje e que será um dos pontos estruturais do documentário “Ivan, o terrível”.
Os temas apresentados em “Ivan, O TerriRvel” seguem uma organização pensada e estruturada a partir de uma roteirização prévia. Apesar da anarquia e comicidade nas produções, Cardoso é um cineasta de referências que transitam entre a cultura pop e a vanguarda intelectual. Portanto, é importante que isso seja traçado e mostrado dentro da narrativa: qual a inspiração para o terrir? O cinema de Cardoso deixou um legado no Brasil?
Assim como tantos cineastas brasileiros, Cardoso tem inúmeros projetos inacabados e produções recentes que só chegaram a um público reduzido por intermédio de festivais. O documentário resgata esse material, em alguns casos com imagens inéditas, e traz pela primeira vez uma série de fotos e filmagens raras que Ivan Cardoso capturou durante seus mais de 40 anos de carreira. Além do arquivo, a narrativa apresenta sua vida pessoal (o cuidado com o irmão) e paixões (Botafogo e corrida de cavalos).
“Ivan, O TerriRvel”parte de indagações: quem é Ivan Cardoso? É o mestre do terrir? Cineasta ou fotógrafo? Arte ou sacanagem? Pop ou cult? E busca respostas em meio a um passeio fascinante pela trajetória de um dos mais criativos e anárquicos cineastas brasileiros.
O documentário irá apresentar um vasto material de arquivo inédito que contém as filmagens dos bastidores dos filmes feitos pelo Ivan, como também os bastidores dos filmes dos colegas Glauber Rocha, Rogério Sganzerla, Joaquim Pedro de Andrade, entre outros, fotografias, seus trabalhos de arte contemporânea, entrevistas feitas pelo Ivan com grandes mestres do cinema internacional como Jean-Luc Godard, Dario Argento, Roger Corman, George A. Romero, Michelangelo Antonioni, em diversos festivais (Cannes, Berlim, Veneza, Toronto, Roterdã etc) que ele frequenta até hoje.
Esse material de arquivo do cineasta Ivan Cardoso representa mais de 50 anos da história não só do cinema internacional, como nacional. Ivan Cardoso é considerado pelos especialistas como o cineasta que possui o maior arquivo do cinema mundial. Material totalmente inédito.
O filme ganhou quatro prêmios internacionais: “Award of Recognition” por longa-metragem em documentário e direção no Impact Docs 2020; melhor Edição,Uso de Material de Arquivo e Montagem no Lonely Wolf London International Film Festival 2020; “Award of Recognition” por longa-metragem em documentário e direção no Accolade Global Film Competition; e de melhor documentário no Festival de Sitges 2020, o mais importante Festival de Cinema Fantástico do mundo. No Brasil, ganhou o prêmio Especial do Júri no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro de 2020.
da Redação A Toupeira