Crítica: “A Noiva”

Ao assistir ao trailer de “A Noiva” (Nevesta) tive a clara impressão de que não haveria um meio termo para esse filme: ou ele seria muito bom ou completamente esquecível. Pois é…

Com Svyatoslav Podgayevsky como responsável pela direção e roteiro, o longa russo tem uma premissa atraente, que começa em meados do século XIX, quando a tal noiva do título (Marina Alhamdan) falece na véspera de seu casamento. Seguindo a tradição da época, seu noivo Barin (Igor Khripunov) tira uma foto dela, com o vestido que usaria na cerimônia e uma maquiagem sobre suas pálpebras, simulando olhos abertos – o que supostamente manteria sua alma preservada na reprodução em papel.

Só que, ele faz mais do que apenas registrar uma imagem. Esse é o início de um ritual macabro para tentar trazer sua amada de volta, ainda que para isso precise sacrificar a vida de outra pessoa – o que não acarreta nenhum tipo de drama de consciência ao personagem.

Como já era de se esperar, as coisas não saem da maneira que ele pretendia, e uma espécie de maldição acabará prejudicando as futuras gerações de sua família. Até aí, ainda há interesse pelo que se vê na tela.

A trama continua em tempos atuais, e agora tem como protagonista Nastya (Victoria Agalakova) que terá sua vida posta em risco ao visitar os parentes de seu noivo Vanya (Vyacheslav Chepurchenko), entre eles sua pouco receptiva irmã Liza (Aleksandra Rebenok). Em certo momento cheguei a me lembrar da ótima e surpreendente narrativa de “Corra!” e me empolgar com a expectativa do que viria a seguir, mas foi em vão.

Esse é o ponto em que nada mais dá certo na produção. Há erros de continuidade visíveis, problemas graves com o roteiro e interpretações que não conseguem fazer com que os espectadores tenham qualquer conexão com os personagens. A falta de aprofundamento em pontos-chave transforma tudo numa experiência rasa ao extremo.

Sem contar que a solução para acabar com o principal obstáculo é tão simples que tudo poderia ter sido resolvido nos minutos iniciais – o que significa que outros elementos teriam que ser inseridos para dar mais corpo à história -, mas como visto na maior parte dos casos, os personagens do gênero terror não têm muita habilidade de raciocínio (o que faz com que, ainda que não seja uma atitude louvável, nos peguemos torcendo para que se deem mal).

Vale se for para conhecer um trabalho que sai do padrão hollywoodiano que domina o cinema há tempos. Mas ainda assim, é algo a se fazer por sua conta e risco.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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