Sendo uma das mais populares princesas de contos de fadas, Cinderela já teve sua história contada das mais diversas maneiras. Dessa vez, não há sapatinho de cristal, fada madrinha ou a paciente espera pelo amor verdadeiro e ainda assim, a essência da personagem está presente.
Na animação “Cinderela e o Príncipe Secreto” (Cinderella and Secret Prince), a história contém os elementos básicos já tão conhecidos, mas rapidamente percebemos as diferenças propostas pela narrativa inédita: a protagonista se mostra mais ativa e disposta a enfrentar desafios, tudo para ajudar seu amigo ratinho, que na verdade é o real herdeiro ao trono, enfeitiçado ainda criança por uma bruxa que tomou seu lugar de direito, inclusive pondo outro rapaz em seu lugar (e enganando a todos os moradores do reino).
Se nos ativermos apenas à trama, a produção dirigida por Lynne Southerland é bem agradável – apesar de não gostar muito de alterações bruscas em clássicos, comprei a ideia desta Cinderela mais engajada. Mas, por mais que haja esforço em não reparar, os problemas técnicos saltam aos olhos dos espectadores várias vezes durante a exibição.
Há cenas em que claramente não houve a finalização adequada (como a que Cinderela segura o ratinho próximo a seu rosto, quando dá para ver ainda mais a falta de detalhes em seu corpinho). Aliás, os detalhes – ou a ausência deles – são o que mais prejudica a animação. São raras as sequências em que é possível perceber texturas (como no tecido das roupas ou das botas do príncipe), no geral, as superfícies mostram-se muito chapadas, até mesmo na pele dos personagens, o que dá a eles um ar mais artificial do que deveria.
Por falar em personagens, particularmente gostei da dupla de ratinhos que acompanha a protagonista e o príncipe enfeitiçado em sua jornada, assim como achei interessante a tartaruga guardiã do anel (artefato que será fundamental na história). Também é simpática a aprendiz de fada madrinha, Crystal, cuja falta de habilidade é compensada por sua vontade em ajudar.
Já na ‘ala dos malvados’, a bruxa, seu falcão e o falso monarca me pareceram muito limitados, inclusive em seus movimentos – o que é outro grande problema na produção, e faz com que não haja fluidez no caminhar / voo, ainda mais com o uso de cortes bruscos nos quadros.
Com uma conclusão tão aberta que até me surpreendeu quando os créditos finais começaram a subir na tela, imagino que a expectativa seja fazer pelo menos mais uma parte para concluir a história. Espero que, caso ela seja realizada, haja maiores possibilidades de entregar um material que mantenha seu potencial criativo e que consiga prender a atenção apenas pelos lados positivos.
por Angela Debellis