Crítica: “Tempo”

Nas palavras de Leon Tolstói: “O único consolo que sinto ao pensar na inevitabilidade da minha morte é o mesmo que se sente quando o barco está em perigo: encontramo-nos todos na mesma situação.”.

Refletir sobre nossa própria mortalidade é o que dá forma à história de “Tempo” (Old), o mais recente trabalho de M. Night Shyamalan, que novamente assume as funções de diretor e roteirista e entrega uma obra que vai, no mínimo, estimular boas conversas pós-sessão.

A trama se passa em uma espécie de praia paradisíaca, para a qual uma família em crise vai, a fim de passar alguns dias. Guy (Gael Garcia Bernal) e Prisca (Vicky Krieps) estão à beira do divórcio, mas decidem proporcionar bons momentos aos filhos Maddox (Alexa Swinton) e Trent (Nolan River) antes da separação. Assim, acontece a viagem que dará início a eventos totalmente inesperados e surreais.

Junto a outros turistas, o quarteto é levado a tal praia, que a princípio parece ser apenas um cenário perfeito para se ter momentos relaxantes. Mas, a percepção de que algo sombrio acontece no local, logo dá aos personagens a dimensão do que os aguarda: cada 30 minutos lá passados, equivalem a um ano de envelhecimento.

Com figuras distintas, tanto em idade, quanto em histórias pessoais, o que vemos em tela é a unificação de um medo inato que a maioria dos humanos tem: a perda da qualidade de vida que o passar dos anos nos acarreta, seja em maior ou menor grau. E, talvez a noção de que para o tempo somos todos iguais, seja o que mais impressiona e assusta.

Embora Shyamalan tenha afirmado em entrevista recente que não considera que seus filmes sejam de terror, é difícil não enxergar com temor a proposta da narrativa dessa nova produção. Se a finitude da nossa existência não é um assunto corrente, sobre o qual discorremos no dia a dia, encará-la em velocidade aumentada causa ainda mais desconforto do que a ciência das limitações naturais causadas pelo decorrer da vida.

Com uma duração de 108 minutos, “Tempo” consegue prender a atenção do início ao fim, com direito à criação das mais diversas teorias que levam o público a enveredar por vários caminhos antes de chegar à resposta final – esta que pode desagradar alguns, mas que é eficaz por ser tão improvável e ao mesmo tempo tão estranhamente plausível (pelo menos no que diz respeito às atitudes do ser humano frente à natureza).

Se por um lado o filme pode parecer simplista demais em relação a locações ou efeitos práticos, por outro sua história mostra-se interessante na medida para ser acompanhada em uma sala de cinema. Vale muito a pena conferir nas telonas.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.

Filed in: Cinema

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