Direto da Toca: Um panorama do que foi a 17ª edição da Anime Friends

Poucos dos grandes eventos de cultura “otaku” no Brasil sobreviveram aos anos 2010, e ainda menos à pandemia do Covid-19. Um destes é a Anime Friends, que depois de 2 anos em hiato, devido ao evento epidemiológico, retornou ao espaço do Distrito Anhembi. O retorno porém não veio sem grandes desafios impostos pela situação econômica e social do momento presente.

O primeiro que podemos notar foi a redução de espaço em relação aos anos anteriores, o que em si poderia não ser um grande problema, porém conforme as filas se estendiam – em especial as dos grandes expositores – acabavam atrapalhando mais e mais o fluxo dos que pretendiam apenas circular pelo evento. Além disso, houve uma diminuição de tamanho considerável de alguns expositores, como foi o caso da Panini e do Crunchy Roll, que se uniu à Piticas este ano.

Outro ponto foi a organização geral, que nem sempre é perfeita devido ao escopo do evento, mas que estava ainda mais caótica do que o comum. Não era raro encontrar monitores mal preparados para orientar os visitantes e, em um caso ainda mais grave, os expositores. O que foi uma surpresa, pois nas duas ultimas edições do evento, a Maru Division vinha fazendo um trabalho relativamente bom, ainda que com as complexidades comum a um evento assim.

Por sua vez, nem todos os desafios tiveram um resultado negativo. E em particular na questão das atrações, ficou claro o esforço da organização em manter o fôego. Ainda que as internacionais eram, em sua maioria, as mesmas de outros anos, as nacionais sofreram um aumento considerável, contando com a presença de muitos dubladores importantes, como Guilherme Briggs e Christiano Torreão, dando palestras sobre o mercado e suas experiências com anime.

Quanto aos expositores, não houve grandes diferenças entre as edições anteriores, apenas um foco maior nas áreas dedicadas a Board Games, que foram lotando de pouco a pouco, porém, menos do que as dos jogos digitais, que logo se viram bem cheias. Outra área importante foi a do Artist’s Alley, que – na opinião de quem escreve este texto – estava não só tão bom, como melhor que nos outros anos.

Outro detalhe marcante sobre este espaço foi o grande volume de artistas LGBTQIAP+ que participaram, vendendo artes direta ou indiretamente ligadas à causa, o que mostra o grande progresso da inclusão e tolerância no meio geek, ainda que a passos lentos.

Enquanto o Artist’s Alley merece elogios, os stands das grandes editoras, merecem uma boa crítica: enquanto é compreensível o valor geral dos produtos estarem altos, os descontos dados ou eram irrisórios, ou inexistentes.

Este processo já vinha ocorrendo nas duas últimas edições do evento, porém atingiu seu ápice neste ano, ainda mais com a desculpa dos problemas econômicos para justificar. Com exceção da New Pop, quem procurava completar coleções ou adquirir itens a bons preços em outras editoras se encontrou em uma situação bem complicada.

Por fim, é claro o impacto da pandemia na Anime Friends 22, seja pela organização, seja pelos preços. Mas, diferente do que alguns frequentadores dizem todos os anos, como jogadores de TCG’s dizem de seus jogos cada nova mecânica criada, o evento está longe de morrer, e tenta manter o fôlego para os próximos anos.

Crédito das fotos: Ícaro Marques.

por Ícaro Marques – especial para A Toupeira

Filed in: Direto da Toca, Saia da Toca

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