Direto da Toca: Um panorama do que foi a 26ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo

Quem ama ler já está acostumado com a espera de dois anos para participar de um dos eventos literários mais bacanas que existem. Mas, a pandemia fez com que o espaço entre as edições paulistas da Bienal Internacional do Livro fosse de quatro anos (sem contar a edição virtual em 2020) e isso pesa no coração dos leitores que se sentem em casa quando estão entre as atrações e produtos oferecidos nos estandes do evento.

A 26ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo chegou ao fim e, entre prós e contras, foi marcada pela certeza do amor pela leitura, muitas vezes posto em dúvida quando se trata de boa parte do povo brasileiro.

Momentos Best-Sellers

Promoções desde o primeiro dia: Assim como exaltado em 2018, nessa edição também foi possível encontrar preços atrativos desde a abertura. E se engana quem pensa que os valores mais acessíveis eram apenas para títulos pouco conhecidos. Com paciência para “garimpar”, dava para encontrar obras aclamadas – algumas com uma janela não tão distante de lançamento -, com direito até mesmo a volumes em capa dura.

Diversidade na programação: Com opções para todo tipo de público, o interesse pelas palestras e sessões de autógrafos foi tamanho, que as senhas para as referidas ações esgotaram minutos após serem disponibilizadas no site. E durante esses encontros tão diferentes, compostos por homenagens, questionamentos, debates e bate-papos, um ponto em comum: a emoção – tanto de quem estava no palco, quanto de quem assistia.

Vários estandes com os chamados espaços “instagramáveis”: Um verdadeiro convite a embarcar nos cenários temáticos que levavam o público a estar nas capas ou em parte das narrativas das mais diversas publicações. Assim como também era possível fazer um registro ao lado de personagens queridos – na forma de esculturas, cosplayers ou figuras animadas por baixo de fantasias.

A Arena Cultural: Com a realização de palestras variadas, o espaço tinha uma limitação para o público que garantiu as senhas antecipadas pelo site. Mas, sendo uma área aberta e com a utilização de vários telões, era possível a qualquer pessoa presente acompanhar o conteúdo no geral.

Limpeza dos banheiros: Embora o fluxo de pessoas no local fosse constante (e as filas nos sanitários femininos fossem desanimadoras – como parece ser padrão em eventos desse porte), havia vários funcionários da equipe de limpeza se empenhando para manter a ordem, durante todo o período.

Momentos Páginas Amassadas

A escolha do local: Após 22 anos, o Expo Center Norte volta a sediar uma Bienal do Livro de São Paulo e, embora não tenha problemas graves de estrutura, este não pareceu ser o melhor lugar para o retorno do evento presencial, já que o espaço oferecido era menor do que o do Pavilhão do Anhembi, que recebe as edições desde 2006. Ainda que não haja como prever o interesse das pessoas em comparecer, era de se imaginar que haveria um público considerável e que poderia ser complicado receber um número elevado de visitantes simultaneamente, sem que isso causasse algum desconforto – seja por causa de filas (para fotos e até para entrar em estandes mais procurados) ou mesmo pela dificuldade em transitar entre os corredores.

A Praça de Alimentação: Outro fator problemático em eventos de grande porte são os valores aplicados em alimentos oferecidos no local. Embora muitas pessoas consumam os produtos, mesmo com o abuso nas cobranças, ainda é válido comentar o quão parece absurdo – ainda mais em dias atuais, quando a economia apresenta tantos problemas – que um item que custa centavos em um supermercado, seja comercializado por 10 vezes maior do que o seu valor “real”.

A inesperada interrupção da venda de ingressos: A estimativa inicial era de um público de 700 mil pessoas, mas, como já era de se esperar (depois desse intervalo forçado), esse número foi muito maior, o que fez com que os organizadores anunciassem a lotação máxima e interrompessem a venda de ingressos (via site e bilheteria). Com tal fato não ocorrendo em outras edições, o público que deixou para última hora foi pego de surpresa e acabou não conseguindo comparecer ao evento – com direito a inúmeros relatos de golpes aplicados por quem afirmava falsamente ter ingressos para vender.

Os extremos: Se por um lado havia opções com preços atrativos, também era fácil encontrar obras cujo valor chegava a 3 dígitos (por um único volume). Assim como havia editoras com “descontos” que nem podem ser chamados assim. Tal extremismo ainda se deu em relação aos atendimentos, com estandes / expositores com menor visibilidade fazendo um trabalho primoroso, enquanto outros mais conhecidos pareciam pouco se importar com o público e a imprensa em geral.

Epílogo

Emocionalmente falando, foi maravilhoso retornar a uma edição presencial da Bienal, que acabou tendo um significado ainda maior depois do cancelamento forçado do evento em 2020, devido à Pandemia de Covid-19. Nas palavras do escritor português Valter Hugo Mãe, “É urgente viver encantado”, e estar entre livros contribui muito para isso.

Racionalmente falando, talvez pelo fato desse intervalo maior entre as edições, alguns problemas ficaram bem mais visíveis. Mas, acredito que até 2024 possa haver melhorias, a fim de evitar prejuízos, seja para expositores, público ou os próprios organizadores do evento.

Crédito das fotos: Angela Debellis.

por Angela Debellis

 

 

Filed in: Direto da Toca, Livros, Saia da Toca

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