Crítica: “The Flash”

Tempo. Essa é a palavra-chave quando pensamos em “The Flash” (The Flash). Não só pela óbvia associação com as viagens pelo espaço-tempo realizadas pelo protagonista, mas pelo fato de percebermos o quanto esse filme poderia ter feito a diferença no que diz respeito ao Universo cinematográfico da DC, se tivesse sido lançado em outra época.

Anunciado em 2014 e previsto para estrear em 2018, o longa sofreu incontáveis adiamentos, pelos mais diversos motivos – dentro e fora dos bastidores. Agora, chega às telonas com a complicada missão de colocar um ponto final no que já vimos até aqui (sem contar o vindouro “Aquaman e o Reino Perdido”, ainda fazendo parte das produções anteriores à nova era prometida pelo estúdio). E faz isso bem, assim como deixa uma sensação agridoce de que havia muito a ser contado antes dessas mudanças drásticas.

Dirigido por Andy Muschetti, “The Flash” nos mostra a rotina de Barry Allen (Ezra Miller) em Central City, que inclui seu trabalho como cientista forense em concomitância com seus afazeres como um dos principais membros da Liga da Justiça (embora fique claro que ele nem sempre se vê nessa posição no grupo).

Carregando o fardo de, ainda criança (fase interpretada por Ian Loh), ter perdido sua mãe, Nora (Maribel Verdú), Barry tem como propósito maior, provar a inocência de seu pai, Henry (Ross Livingston), que cumpre pena em regime fechado, pelo crime.

Em um daqueles momentos nos quais queremos fugir de nossa realidade e apenas correr sem destino, o protagonista leva isso ao pé da letra e descobre que, graças à velocidade de aceleração, ele consegue viajar pelo tempo-espaço, o que, supostamente, lhe daria condições de modificar fatos do passado, impedir o delito e salvar a vida de sua mãe.

Mas, como tudo tem consequências, logo ele vai perceber que tal alteração trará consigo impactos terríveis, incluindo a destruição do planeta pelas mãos de um vilão bastante conhecido pelos fãs da DC, General Zod (que, assim como em “O Homem de Aço”, é interpretado por Michael Shannon).

Nessa dimensão alternativa, Barry encontra a si mesmo mais jovem – em uma versão completamente diferente, já que toda a carga dramática que moldou o personagem que conhecemos não aconteceu em sua vida, o que significa que pôde desenvolver um comportamento mais leve e até mesmo, imaturo. Cabe ressaltar a naturalidade com que vemos os dois ao mesmo tempo em tela, graças ao combo de ótima atuação e efeitos bem executados.

A inusitada dupla tentará resolver as coisas de um modo que ainda lhes seja conveniente, mas sem acabar com a existência da humanidade. Para isso, os “Barries” buscarão a providencial ajuda de um dos maiores nomes dos quadrinhos: Batman / Bruce Wayne.

O icônico Cavaleiro das Trevas já havia aparecido na pele de Ben Affleck (em aparição rápida, mas importante o suficiente para deixar o público pensando em como seria incrível se o seu título solo tivesse, de fato, saído do papel). Mas é quando Michael Keaton surge (com direito à marcante trilha de Danny Elfman), reprisando o papel que lhe colocou sob todos os holofotes em 1989, que a narrativa ganha a força que merece.

Durante a empreitada de salvar a Terra, ainda haverá espaço para resgatar a prisioneira alienígena, Kara Zor-El (Sasha Calle). Embora tenha tido menos tempo de exposição quanto deveria, a chamada Supergirl assume um lugar de destaque e confirma a relevância de sua participação.

O roteiro de Christina Hodson tem como base um dos arcos mais impactantes da DC Comics, “Flashpoint” (aqui no Brasil, conhecido como “Ponto de Ignição”) – lançado em 2011, em cinco edições, com argumento de Geoff Johns e desenhos de Andy Kubert – que ganhou sua (impecável) versão animada em 2013. Mas, é visível a opção por minimizar o drama que molda a história, para, talvez, torná-la mais próxima do que boa parte do público consome hoje em dia, no que diz respeito a adaptações cinematográficas de quadrinhos.

A boa notícia é que, apesar das alterações gritantes – que trazem um ineditismo quase total nos argumentos principais – o filme consegue entregar um resultado muito mais satisfatório do que o esperado. E isso faz com que nítidos problemas com a finalização de alguns efeitos especiais continuem perceptíveis, mas não sejam fortes o suficiente para prejudicar a experiência como um todo.

De maneira surpreendente (pelo menos, para mim), “The Flash” conseguiu a façanha de unir roteiro e visual, aumentando as possibilidades de ganhar a atenção, tanto de quem procura por uma boa história, quanto daqueles que pensam nas sequências de ação como o elemento mais importante. E é por isso que a produção funciona.

Como ponto não tão positivo, o fato de a obra servir como uma espécie de reboot master (ou algo próximo a isso) do Universo DC no cinema, faz com que algumas coisas percam seu sentido – em especial no que diz respeito a regras básicas de viagem no espaço-tempo e seus efeitos imediatos. O que significa que certas cenas podem até impactar, mas não deveriam acontecer.

Sem aprofundamento para não cair na armadilha dos spoilers, cabe ainda destacar a inteligente forma de resgatar a nostalgia, através de participações especiais – algumas já confirmadas em declarações prévias, outras que, felizmente, foram mantidas em segredo até o apagar das luzes. Lembrando que há uma cena adicional nos créditos.

Corra para se divertir /emocionar com “The Flash”.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Warner Bros. Pictures.

Filed in: Cinema

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